Acadêmico Clóvis Belbute Peres
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Acadêmico Clóvis Belbute Peres

Edição 47
ISSN: 2357/7428
Abril, 2024
20 min

Diferentemente de colegas de Abracicon, minha transição para a Contabilidade aconteceu tardiamente . Digo aos amigos que foi um amadurecimento, uma alegre descoberta. 

Sempre fui (e serei) apaixonado pelas ciências e minha primeira formação foi em Física. A “descoberta” da relevância e da magia da Contabilidade iniciou pelo curso de Administração. Ali notei que não era possível estudar e atuar no fenômeno organizacional sem uma sólida base contábil. 

Ou seja, a transição ocorreu quando notei que nas organizações e na sociedade em geral três conhecimentos são complementares: Administração, Contábeis e Direito. Fui cursando cada um em escadinha, todos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). 

Na Contabilidade, porém, tenho atuado em diversas frentes. Mas vamos por fases, já que é assim que a vida normalmente se descortina. Nasci em Porto Alegre, em família simples e cursei as primeiras séries nos colégios públicos Professor Olinto de Oliveira e Rio de Janeiro, enquanto o antigo ginásio e segundo grau foram no Colégio Militar de Porto Alegre. 

Lá me formei em primeiro lugar da turma, obtendo o segundo lugar geral no vestibular da UFRGS. Graduei-me em Física, de onde segui para o mestrado e o doutorado. Termina aqui uma primeira fase de vida. Decidi, então, que precisava conhecer mais do mundo fora da academia. 

Daí fiz de tudo: fui professor de inglês, treinei vários executivos em raciocínio lógico e matemática, criei um dos primeiros clubes de investimento do país, traduzi diferentes livros e artigos, etc. Segui o Drumond e fui ser “gauche na vida”.

Na metade do curso de Contábeis, passei no concurso para Auditor-Fiscal da Receita Federal. Iniciava-se mais uma fase de vida. Dessa vez a Contabilidade entrava de vez na minha história. 

Ministrei inúmeras palestras para contadores, dei aulas em cursos de especialização, gerenciei projetos e sistemas inovadores. Mais importante, notei o quanto ainda precisávamos aproximar o Fisco da sociedade em geral e da classe contábil em particular. Havia uma fonte inesgotável de sinergia ainda pouco explorada. 

Como auditor-fiscal atuei em diferentes áreas e funções na Receita Federal. Fui chefe de atendimento, Chefe da unidade de Canoas-RS, supervisor nacional do Sped, Coordenador-Geral de Cadastros e Benefícios Fiscais e Julgador na Delegacia de Julgamento de Brasília, onde ainda exerço meu mandato. 

Em todo esse período, ficou evidente para mim o que expressei em uma monografia premiada em concurso de inovação na RFB em 2011 (que escrevi como colega André Bravo): os contadores são a Ponte de Ouro entre o Fisco e a sociedade. 

Alguns anos antes da monografia havia criado uma iniciativa para aproximar os futuros contadores da RFB: os NAF, Núcleos de Apoio Contábil e Fiscal que buscava a um só tempo: capacitar os estudantes de Ciências Contábeis em matérias tributárias e ajudar pessoas hipossuficientes, que não conseguiam interagir com as instituições Fiscais. 

A iniciativa, inicialmente vista com ceticismo, espalhou-se pelo mundo e pelo Brasil e hoje é padrão na formação de futuros contadores. 

Em 2017, assumi a honrosa Cadeira de n.º 80 da Abracicon e só intensifiquei minha busca por conhecimentos contábeis, tanto orientando trabalhos acadêmicos, publicando ou participando do editorial de nossa Revista Saber Abracicon. Quem sabe quais novas fases virão?