Acadêmico Giovani Coridola
Giovani da Silva Coridola, patrono da Cadeira n.º 52 da Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), é natural Ponte Nova/MG, no dia 23/5/1955, e reside em Belo Horizonte/MG, desde junho de 1981. Filho de ferroviário, a infância desde o nascimento foi cercada por tudo relacionado à ferrovia: a escola primária, os vizinhos, os amigos de infância, os amigos do meu pai.
A rua era na beira da linha férrea e pertencia à Estrada de Ferro Central do Brasil. Desde o ano de 2005, uma vez por ano, faço a viagem no trem da Vale ida e volta de BH/Vitória/BH. É a minha infância e tudo aquilo que vivi ligado à ferrovia que vai e volta comigo.
Eu não vivo do passado e, sim, é o passado que vive em mim. Após a conclusão da escola primária, em 1968, fui aprovado no exame de admissão para o curso ginasial do Colégio Pontenovense, que era mantido pela Associação Comercial de Ponte Nova, e, após 4 anos em 1972, recebi o diploma do 4º ano ginasial de Auxiliar de Escritório. Importante: a partir do 3º ano todos os alunos eram obrigados a comprar e levar para sala de aula todos os impressos, livros fiscais, folhas de pagamento, borrador, diário, razão, utilizados nos escritórios de contabilidade.
Após o 4º ano ginasial, concluí o curso Técnico de Contabilidade no mesmo Colégio Pontenovense. Durante o curso de 3 anos as aulas práticas continuaram e, além de toda a documentação já citada no curso de auxiliar de escritório, o aluno era obrigado a encerrar um balanço sob pena de não ser aprovado. Como se vê, o curso realmente era técnico porque não existe técnico sem técnica.
O Colégio Pontenovense era também conhecido como Escola de Comércio sendo uma referência na região. A minha cidade de Ponte Nova era conhecida como um celeiro de bons contadores.
Em 1974, a Associação Comercial de Ponte Nova e o Colégio Pontenovense conseguiu obter a aprovação no MEC da nossa querida e amada Faculdade de Ciências Contábeis (FACCO), de Ponte Nova e tão logo me formei no curso Técnico de Contabilidade ,em 1977, fui aprovado no vestibular para o curso superior de Ciências Contábeis, tendo concluído em 1981. Já residindo e trabalhando em Belo Horizonte, por duas vezes na condição de ex-aluno, proferi palestras na Semana de Estudos Contábeis da minha faculdade e sempre citado pela Diretoria como uma referência para os alunos.
A minha iniciação na profissão contábil teve início no dia 3/1/1972. Em dezembro de 1971, a minha Mãe pediu ao meu cunhado Alaerte, que era contador e casado com a minha Irma Lolita, uma oportunidade para mim. Ele era um grande contador e trabalhava no maior escritório de contabilidade da minha cidade. Comecei decorando os serviços e cometia erros grosseiros.
Somente após muitos anos e já trabalhando em Belo Horizonte é que me dediquei com muita profundidade nos estudos de teóricos da contabilidade. Sou eternamente grato ao cunhado Alaerte por ter aberto as portas da profissão contábil para mim. Isso o cartão de crédito não compra.
Aos 25 anos, fui admitido como um dos cinco contadores do grupo empresarial Hasenclever Tavares André. O grupo empresarial era o controlador da Fábrica de Papel de Ponte Nova S/A; de uma Concessionária Fiat e de uma Concessionária Mercedes Benz – caminhões (únicas para toda a região de Ponte Nova); duas Transportadoras com inúmeros caminhões para fazer o escoamento da produção da fábrica de papel; duas fazendas.
Eu era o contador das transportadoras e das fazendas. Naquela época a fábrica de papel já produzia formulário contínuo. Em maio de 1981, ingressei como contador na Usina de Açúcar Jatiboca, que ficava a 29km da minha cidade e era considerado o maior grupo empresarial da região. Essa usina já produzia o combustível etanol. Sou casado desde 9/1/1982 com Sônia Maria de Souza Coridola, que é graduada em Ciências Contábeis e temos dois filhos: Matheus, que é também contador, e Martha Florença é psicóloga com atuação ininterrupta no segmento de adolescente em conflito com a lei. Temos uma netinha maravilhosa, Maria Sofia, filha do Matheus e da minha nora Deusa Maria Meireles Coridola, que é também contadora, sendo ela a responsável pela elaboração e publicação das demonstrações financeiras da empresa onde trabalha.
Tudo em nossa família gira em torno da matriarca Sônia, que é a grande aglutinadora de tudo. Aliás, nenhum lar praticamente não se sustenta sem a presença da mãe, porque o lar será sempre triste, sem vida, sem visitas, vazio. Em junho de 1981, um ex-cliente do escritório no qual iniciei em 1972, apesar de ser de Ponte Nova, tinha transferido as atividades empresariais para Belo Horizonte, e me convidou para ser o contador das empresas.
Eu tinha apenas 26 anos. Depois de muitas negociações aceitei a proposta para ser o contador geral das empresas em Belo Horizonte, quando foram abertas 25 filiais na capital e em cidades como Uberlândia, Uberaba, João Monlevade, Itabira, Ipatinga, Divinópolis e outras.
O empresário era o maior distribuidor de cimento da fábrica Soeicon, sendo que 47% da produção era revendida por ele. Em 1987, o Café 3 Corações, que já era a maior indústria de torrefação e moagem de café em Minas, ao optar por ter contabilidade na própria indústria, me contratou para ser o contador-geral e controller. Aos 32 anos eu era o responsável por toda a organização contábil e processos organizacionais da indústria.
Após anos 8, em junho de 1995, pedi dispensa e optei pela pericia judicial e assistência técnica, atuando na Justiça Federal e Justiça Estadual, sendo nomeado como perito oficial do juízo em vários processos envolvendo grandes empresas como: Usiminas, Fiat Automóveis, Carrefour, Skol (na época), MBR e outras. De 1995 a 1998, exerci também o cargo de superintendente de controlaria do meu time de coração, o maior de Minas, o mais querido, o mais amado, o time do povo Clube Atlético Mineiro.
Naquela época, tínhamos em nosso elenco os campeões do tetra de 1994 da Seleção Brasileira de Futebol, o goleiro Taffarel e o Zagueiro Marcio Santos. No ano de 2000, após a venda da empresa Café 3 Corações para uma multinacional do ramo de alimentação matinal, o exdono, Ricardo Tavares, me convidou para ser sócio minoritário e controller de uma nova empresa a ser constituída cujo objeto social era a exportação de café em grão cru.
Como a proposta era irrecusável resolvi aceitar. Paralelamente, ele estava também estudando a viabilidade de constituir uma indústria de sucos de frutas.
Para tanto visitei uma fábrica recém-construída e já com todo o parque industrial montado no Estado do Rio Grande do Sul, tendo em vista que a empresa estava inativa antes mesmo de ter iniciado as atividades em decorrência da falta de recursos financeiros. Após levantar um balanço patrimonial de ajuste, a conclusão foi a de que não compensava o investimento.
O planejamento de uma fábrica de sucos continuou, inclusive com levantamentos efetuados por mim quanto às regiões incentivadas da Sudene. A cidade escolhida foi a de Linhares no norte do Estado do Espírito Santo, que ofereceu, além dos benefícios fiscais já previstos pelo lucro da exploração, incentivos fiscais estadual e municipal. Entretanto, o escritório central era em Belo Horizonte/MG. Para a construção da fábrica de sucos, o empresário Ricardo Tavares convidou para sócio o grupo empresarial WRV (hoje trabalho neste grupo desde 01/2006). No início de 2002, após a fase pré-operacional, a Fábrica entrou em atividade e rapidamente ocupou 2º lugar de vendas de sucos no Brasil com o nome comercial de Sucos Mais.
Porém, pecou na administração, contabilidade e organização, quando então o empresário Ricardo Tavares solicitou em fevereiro de 2003 para que eu, além de continuar como sócio minoritário e controller da empresa Exportadora de Café, atuasse também como interventor e com total autonomia para fazer o que precisava ser feito para organizar a Fábrica de Sucos.
Após alguns meses de atuação e muito trabalho, concluí a tarefa com a empresa devidamente organizada, custo industrial integrado à contabilidade e balancetes encerrados no 5º dia útil do mês seguinte e já estava caminhando para o encerramento no 2º dia útil.
Os sócios entenderam então que eu deveria continuar a ser o controller da empresa e que somente a indústria e o departamento de vendas não seriam subordinados à controladoria.
Em dezembro de 2004, a Coca-Cola manteve interesse em adquirir a fábrica de sucos. Para isso tínhamos de passar pela auditoria da Ernest Young do Brasil e Americana contratada pela compradora.
A Coca-Cola solicitou que a Sucos Mais indicasse um representante para ser o canal de contato e eu fui o indicado. Foram 7 meses de muita ansiedade e preocupação, porque a nossa contabilidade nunca tinha sido auditada. Foram 6 reuniões de semanas inteiras intercaladas, de acordo com as demandas na sede da compradora no Rio de Janeiro/RJ e 4 também no mesmo molde em São Paulo/ SP com o escritório jurídico contratado pela Coca-Cola.
A contabilidade e os balanços patrimoniais da Sucos Mais atenderam às exigências da compradora e a operação de aquisição foi concretizada e assinada no fim da tarde do dia 29/7/2005 no escritório jurídico de São Paulo/SP e eu estava presente com a imensa sensação do dever cumprindo. Eu ainda continuei na empresa Sucos já na administração da Coca-Cola até novembro/2005 com a finalidade de passar as rotinas operacionais. Como a WRV participava do quadro societário da fábrica, o grupo empresarial me contratou para ser o contador e controller de todas as holdings e demais empresas do grupo, em um total hoje de 76 empresas que atuam no ramo de empreendimentos, participações, locação de imóveis comerciais próprios, loteamentos e incorporação imobiliária, agropecuárias, hotel em Porto Seguro, Bahia, e outros, inclusive para o controle, elaboração e entrega das declarações de imposto de renda pessoa física dos sócios e familiares. Assim, há 19 anos sou o contador e controller do grupo empresarial WRV.
O grupo empresarial WRV é um dos maiores de Minas e do Brasil, sendo um dos controladores das 3 maiores de redes de supermercados de Minas (Supermercados BH, Mart Minas e EPA) e, no mercado nacional estão ranqueadas em 5º, 9º e 11º lugares em vendas conforme dados/2024 da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Há 53 anos ininterruptos. nunca me dediquei a nenhuma outra atividade remuneratória que não a contabilidade. Sou eternamente grato a esta magnífica, responsável, fantástica, maravilhosa, enriquecedora, profissão. Desde os meus 16 anos nunca fiquei um dia sequer sem trabalho.
Se não fosse a contabilidade provavelmente estaria à míngua. Jamais fiz nenhuma crítica à contabilidade e/ou às minhas entidades de classe. O meu filho é também contador tendo iniciado na profissão aos 18 anos de idade e assim há 22 anos se tornou um excelente contador, segundo ele, inspirado em mim.
Quando ele tinha apenas 18 anos e já trabalhando com contabilidade, participou comigo do Congresso Brasileiro de Contabilidade na cidade de Santos para que despertasse nele o amor à profissão, já tendo participado também dos realizados nas cidades de Belém e Fortaleza.
Participo desde 1988, que foi em Cuiabá/MT, de todos os Congressos realizados a cada 4 anos sendo o último realizado na cidade de Balneário de Camboriú/SC. Certa vez ouvi a excelente cantora Elis Regina dizer que não achava graça nas outras coisas, como achava graça em cantar. Sempre comento esta fala e acrescento que eu também não acho graça nenhuma nas outras profissões como acho na minha profissão. Sou o maior defensor das nossas entidades de classe porque é graças a elas que haverá sempre a aglutinação dos desejos e anseios dos profissionais. As entidades de classe representam todos os profissionais, sendo, por conseguinte, a voz da classe contábil. Isso permite que elas nos representem nos demais órgãos institucionais.
Sou extremamente grato ao meu Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais por ter sido Conselheiro no período de 1990 a 2001, sendo 8 como integrante do Conselho Diretor e também como o 1º Vice-Presidente 2000/2001. O meu desenvolvimento profissional passa sem dúvida nenhuma por tudo o que o CRCMG me ofereceu.
Pra quem aos 16 anos praticamente não tinha opção de vida, estar como Conselheiro na maior entidade de classe da nossa profissão no meu Estado, foi e sempre será motivo de muito orgulho. Naquele período proferi palestras em todas as faculdades de Ciências Contábeis de Belo Horizonte e em algumas faculdades do interior de Minas sobre os temas: Controladoria, Contabilidade de Custos e Ética. Ressalto aqui a importância para mim dos dois saudosos líderes da nossa profissão: o prof. Antônio Lopes de Sá e o expresidente do nosso Conselho Federal de Contabilidade Ivan Carlos Gatti, com os quais tive a honra de conviver.
O primeiro porque foi meu mentor na profissão e o segundo pela liderança exemplar da nossa classe na década 1990. Ainda ecoa em mim o seu brado forte e eloquente de que a nossa profissão seria a profissão do ano 2000. Para mim, ouvir tudo aquilo era exatamente a minha crença, mas eu não tinha aquela liderança para manifestar e ser ouvido. Então, era como se eu proferisse tudo o que o nosso Presidente dizia, tanto em nossas reuniões de trabalho, quanto em seus discursos e palestras.
Tudo isso em prol da nossa classe abdicando praticamente de estar à frente do escritório contábil que possuía em Porto Alegre/RS. Termino agradecendo imensamente à minha estimada, veneranda, magnífica, esplendorosa Academia Brasileira de Ciências Contábeis (Abracicon), por ter dado a mim a condição de ser um Acadêmico e Patrono da Cadeira 52. Tenho o maior orgulho da Abracicon.
Talvez eu tenha sido um pouco ou muito provinciano. Mas é que nós mineiros somos realmente provincianos. Nunca deixaremos de ter amor às coisas simples da vida.
É assim que somos conhecidos: um povo provinciano e quedado às tradições.
Participações Organizações Profissionais:
– Conselheiro Efetivo do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais – CRCMG de 1990 até dezembro/2001, sendo 8 anos como membro do Conselho Diretor e de 1999 a 2001 como 1º Vice-Presidente.
– Ex-Diretor da Aspejudi – Associação dos Peritos Judiciais, Árbitros, Conciliadores e Mediadores de Minas Gerais
Conselheiro Suplente ano de 2000 da 1ª Diretoria da Federação Brasileira das Associa-ções de Peritos, Árbitros, Mediadores e Conciliadores – Febrapam
– Primeiro Presidente da Cooperativa de Crédito dos Contabilistas da Grande Belo Horizonte – Creditábil, período de 1997 a 2001.
Entidades não contábeis:
– Maçom Regular CIM – 206.095 e IME 068.697
– Grau 33 – Grande Inspetor Geral da Ordem.
– Loja Maçônica Moral e Justiça N° 1.902 – Federada ao GOB – Grande Oriente do Brasil. Iniciado em 07/07/2000. – Cargo Tesoureiro desde 2003
– Loja de Perfeição Acácia Mineira – Graus 4 ao 14.
– Cargo Tesoureiro – desde 2009
– Sublime Capítulo Rosa-Cruz Antônio de Castilho – Graus 15 ao 18 – Cargo Tesoureiro – desde 2009.
– Ilustre Conselho Filosófico de Kadosch n° 07 – Graus 19 a 30 – Mui Poderoso Consistório de Príncipes do Real Segredo nº 06 – Graus 31 e 32
– Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito – Grau 33.
– Membro do Colégio Regional dos Grandes Inspetores Gerais do Supremo Conselho do Brasil do Grau 33.
Homenagens:
– Medalha de Reconhecimento Maçônico Escocês pelos bons serviços prestados ao Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito “Mãe dos Graus Escoceses no Brasil” e à Maçonaria, Ato nº 2021, em 23/11/2021.
– Colar Marechal Deodoro da Fonseca – Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira-Medalha do Mérito Cívico Tomás Antônio Gonzaga – Ordem dos Cavaleiros da Inconfidência Mineira.