As relações entre alfabetização financeira, educação financeira e propensão ao endividamento
AUTORA
Ester Wyllanna Ferreira de Oliveira
Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)
wyllanna03@gmail.com
AUTOR
João Carlos Hipólito
Doutor em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
joaohipolito@ufpi.edu.br
AUTOR
Weslen Kayan Freitas Vieira
Curso de Bacharelado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Piauí (UFPI)
weslenfreitas.wk@gmail.com
As relações entre alfabetização financeira, educação financeira e propensão ao endividamento: um estudo empírico com acadêmicos da rede pública e privada do Brasil
Resumo
Tendo em vista o atual contexto de relevante crescimento da quantidade de pessoas físicas investindo na bolsa de valores e ponderando que as evidências científicas apontam para a existência de baixos níveis de educação financeira e alfabetização financeira por parte do cidadão médio brasileiro, buscou-se investigar as relações entre alfabetização financeira, educação financeira e propensão ao endividamento.
Para tal, utilizando-se das técnicas multivariadas de Análise Fatorial Exploratória (AFE) e de Modelagens de Equações Estruturais na sua abordagem exploratória (PLS-SEM), foi conduzida uma survey com 548 acadêmicos da rede pública e privada de variadas áreas do conhecimento. Como resultado, após isolar o efeito das variáveis de controle, notou-se que: a “Alfabetização Financeira” relaciona-se positivamente com “Educação Financeira” (β=0,21; p<0,001) e negativamente com a “Propensão ao Endividamento” (β=-0,26; p<0,001).
No tocante à relação entre “Educação Financeira” e “Propensão ao Endividamento”, não foram obtidos indícios empíricos que possibilitasse sua confirmação (β=-0,02; p<n.s.). No agregado, uma vez mapeada empiricamente as relações entre os construtos investigados, esses resultados potencialmente contribuem para a maior evidenciação da necessidade da elaboração de políticas públicas voltadas à promoção de “Alfabetização Financeira” e “Educação Financeira” para alunos universitários de cursos que não são da área de negócios e, principalmente, para a população em geral.
Palavras-chave: Determinantes. Educação financeira. Alfabetização financeira. Propensão ao endividamento.
Abstract
In view of the current context of relevant growth in the number of natural person investing in the stock exchange and pondering that the scientific evidences point out to the existence of low levels of financial education and financial literacy by the medium Brazilian citizen, aimed investigate the relationships between financial literacy, financial education and propensity to debt. To achieve that, using the techniques multivariate of Exploratory Factor Analysis (AFE) and Structural Equation Modeling in its exploratory approach (PLS-SEM), was conducted a survey with 548 academics from public and privates institutions of different areas of knowledge.
As a result, after isolating the control variables effect, noticed that: the “Financial Literacy” relates positively with the “Financial Education” (β=0,21; p<0,001) and negatively with the “Propensity to Debt”. Regarding the relationship between “Financial Education” and “Propensity do Debt”, no empirical evidence was obtained that would allow its confirmation (β=-0,02; p<n.s.).
Taken together, once empirically mapped the relationships between the constructs investigated, these results potentially contribute to greater evidence of the need for development of publics policies aimed at promoting “Financial Literacy” and “Financial Education” to university students of majors not related to business and, mainly, to the society as general.
Keywords: Determinants. Financial Education. Financial Literacy. Propensity to Debt.
1 INTRODUÇÃO
O conhecimento financeiro e o comportamento financeiro da população são potencialmente alguns dos principais determinantes do desenvolvimento econômico das nações, uma vez que este reflete as decisões agregadas financeiras individuais. Nesse sentido, a qualidade, ou não, desses construtos podem influenciar aspectos agregados relevantes da economia, como nível de poupança, consumo, endividamento e inadimplência, como afirma Vieira et al. (2011).
Sendo assim, conforme Bongomin et al. (2017), o conhecimento e comportamento financeiros influenciam diretamente na segurança financeira e padrões de vida dos indivíduos. De acordo com Freitag (2009, p. 06), “no Brasil, uma criança é capaz de chegar na fase adulta sem o domínio de situações financeiras básicas que vão desde ler um extrato bancário até administrar seu próprio dinheiro”.
Ademais, percebe-se que, no contexto brasileiro, frequentemente o conceito de educação financeira é confundido com o de alfabetização financeira, conforme Silva et al. (2017, p. 282): “no Brasil, o termo alfabetização financeira é frequentemente utilizado como sinônimo de educação financeira, ou ainda, como conhecimento financeiro”.
Por esse motivo, é imprescindível a distinção entres esses termos para a melhor compreensão da pesquisa a ser realizada. A educação financeira, sendo a mais corriqueiramente conhecida, materializa-se como um método que possibilita a aquisição, por parte do cidadão, de competências necessárias para o entendimento dos assuntos relacionados a finanças (AUGUSTINIS, COSTAS E BARROS, 2012). Já a alfabetização financeira apresenta um conceito mais abrangente, relacionando-se desde o conhecimento ao comportamento, incluindo atitudes e habilidades imprescindíveis para o processo de tomada de decisões e o alcance do bem-estar financeiro (OECD, 2011).
Adicionalmente, torna-se relevante conceituar a propensão ao endividamento. Segundo Marques e Frade (2003), endividamento é o saldo negativo de um agregado familiar, sendo associado ao compromisso do crédito do indivíduo, voltado principalmente ao consumo, conforme explica o Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (2002).
Nesse aspecto, a propensão ao endividamento pode ser conceituada como uma predisposição ao consumismo, comportamento marcante da sociedade atual e que influencia no surgimento e aumento de dívidas familiares (PONCHIO; ARANHA, 2008). Essa conduta compulsiva se resume a pessoas que compram bens constantemente, sem usá-los efetivamente ou possuem poder aquisitivo para obtê-los, ou seja, ultrapassando o que é realmente necessário (SHETH, MITTAL E NEWMAN, 2001).
Dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), indicam que, no mês de janeiro de 2017, cerca de 58,3 milhões de pessoas possuíam o nome inscrito em programas de proteção ao crédito.
Já outro levantamento mais recente, realizado em conjunto pelos mesmos órgãos, a CNDL e o SPC Brasil, estima que 38,8% (quase quatro em cada dez) brasileiros adultos estavam negativados, isto é, inscritos nos órgãos de proteção ao crédito por inadimplência, em fevereiro de 2020, o que seria equivalente a um total de 60,8 milhões de pessoas. Diante dessas estatísticas, ressalta-se a importância de se investigarem determinantes da “Propensão ao Endividamento”.
Compreendidos os conceitos apresentados e ponderando que, por meio de estudos para medição e avaliação do conhecimento e alfabetização financeira, é possível identificar os aspectos que mais demandam atenção das instituições de ensino, como nota-se no trabalho de Atkinson e Messy (2011), entende-se pela relevância do mapeamento das relações entre alfabetização financeira, educação financeira e propensão ao endividamento.
Estudos como o de Andrade e Lucena (2018) analisaram o nível de educação financeira de universitários, com base em determinadas variáveis, sendo uma delas o comportamento financeiro, sendo notada uma inclinação para o conceito mais global, o de alfabetização financeira.
Ademais, existem pesquisas mais abrangentes, como, por exemplo, o trabalho de Pereira, Cavalcante e Crocco (2019) que discute formatos de capacitação nacional voltada para a assuntos financeiros para a população brasileira. Abordando a alfabetização financeira, encontra-se ainda o estudo de Silva et al. (2017), que busca analisar a medição e fatores que diferenciam este da educação financeira.
O ensino financeiro vai muito além da economia de dinheiro ou poupança, uma vez que este busca treinar e ensinar os indivíduos sobre termos e conceitos financeiros para então manipulá-los e utilizá-los em suas decisões conforme Pereira, Cavalcante e Crocco (2019). Contudo, Savoia, Saito e Santana (2007, pg. 1138) afirmam que “no Brasil, há uma situação preocupante no âmbito da educação financeira, demandando urgência na inserção do tema em todas as esferas […]”.
Os estudos evidenciados acima, portanto, são exemplos da profundidade desse conteúdo e, consequentemente, da relevância do aprofundamento por meio de pesquisas e variáveis distintas, visando envolver ao máximo o assunto e chegar a um resultado satisfatório e abrangente.
Realizadas as considerações acima, percebe-se uma lacuna nas pesquisas realizadas no Brasil. Nesse sentido, torna-se pertinente estudar outras variáveis e, até mesmo, expandir a amostra para outras regiões, tendo em vista que as conjunturas econômicas, políticas e sociais potencialmente alteram a magnitude das relações investigadas.
No estudo de Silva et al. (2017), por exemplo, percebe-se que a amostra apresentava pessoas com renda média de R$5.587,87, sendo que a maioria possuía ensino superior ou pós-graduação, o que não retrata a realidade da população brasileira no geral.
Para mais, foi realizada no contexto da crise econômica de 2016 que pode ter influenciado as respostas nos questionários. Portanto, a partir da pesquisa realizada por Silva et al. (2017), buscou-se investigar empiricamente as relações entre alfabetização financeira, educação financeira e propensão ao endividamento, com um público composto por estudantes universitários.
Os participantes desta pesquisa foram universitários dos mais variados cursos e áreas do conhecimento, que possuíam, ou não, afinidade com finanças. A metodologia da pesquisa é caracterizada como explicativa, com dados coletados por meio de uma pesquisa Survey com abordagem quantitativa, baseada em um conjunto de trabalhos dos autores Costa e Miranda (2013), Campara, Flores e Vieira (2014), Matta (2007), Potrich, Vieira e Kirch (2014), Murphy (2013) e Credit Suisse (2015), considerando pontuais adaptações realizadas por Silva et al. (2017).
A pesquisa em questão potencialmente apresenta grande relevância social, tendo em vista que, após o mapeamento das relações, pode subsidiar a formulação de políticas públicas de fomento à “Alfabetização Financeira” e “Educação Financeira” para alunos universitários (preferencialmente àqueles de cursos que não são da área de negócios) e, se possível, para a população em geral.
O trabalho está estruturado em 6 tópicos, respectivamente: introdução, fundamentação teórica, metodologia, análise dos dados, considerações finais e referências bibliográficas.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Breve contextualização sobre Alfabetização Financeira, Educação Financeira e Propensão ao Endividamento
A temática financeira como objeto de estudo vem sendo estudada por meio de vários enfoques na sociedade, entretanto, dois dos conceitos utilizados nessas pesquisas, educação financeira e alfabetização financeira, vêm com certa frequência sendo abordados como sinônimos (HUSTON, 2010), apesar de possuírem significados diferentes.
A alfabetização financeira envolve desde o conhecimento ao comportamento, incluindo as atitudes e habilidades para tomada de decisões e o alcance do bem-estar financeiro (OECD, 2011), enquanto a educação financeira é o método que possibilita adquirir competências necessárias para o entendimento dos assuntos relacionados a finanças (AUGUSTINIS, COSTAS E BARROS, 2012), concomitantemente, é visto como um processo que melhora a compreensão da população em relação a temática financeira por meio de informação e instrução (OECD, 2011).
A carência de conhecimento financeiro leva as pessoas a fazerem escolhas menos eficazes e racionais. Além disso, os conceitos e produtos financeiros ficam fora do conhecimento desses indivíduos, o que reflete na educação financeira, que passa a ser uma ferramenta essencial para decisões relacionadas às finanças do indivíduo (JONSSON; SÖDERBERG; WILHELMSSON, 2017), uma vez que essas soluções financeiras possuem resultados que potencialmente influenciarão significativamente a sua segurança monetária e seu padrão de vida (BONGOMIN et al., 2017).
Os resultados dessas decisões podem conduzir à Propensão ao Endividamento, que é uma circunstância que se relaciona com fatores comportamentais, sendo que pessoas que valorizam estar em posse do dinheiro apresentam menor propensão ao endividamento (FLORES, 2012).
Esta propensão se dá devido à grande facilidade de obtenção de crédito atualmente, o que possibilita que as pessoas se tornem mais flexíveis e acomodadas diante do endividamento, já que esse é um mecanismo habitual de acesso aos bens e serviços desejados (DENEGRI; MARTÍNEZ; TORO; LÓPEZ, 2007, p. 97). Atualmente, é enraizada uma cultura de consumo onde a maioria dos consumidores deseja, incansavelmente, consumir e ostentar produtos e serviços que se resumem a status acima das reais utilidades (BELK, 1988).
Pessoas com maior propensão a apresentarem problemas relacionados às dívidas demonstram possuir grau inferior de alfabetização financeira, então, o fato de possuir menos conhecimento pode ser diretamente relacionado com o envolvimento em empréstimos de alto custo, comportamentos financeiros desleixados ou menor vantagem diante de contratos financeiros celebrados (LUSARDI; TUFANO, 2015). Concomitantemente, famílias com menor alfabetização possuem maior propensão a manter maiores níveis de dívida em comparação à sua riqueza implícita (DISNEY; GATHERGOOD, 2011).
Assim, em suma, o analfabetismo financeiro potencialmente causa uma maior propensão ao endividamento às pessoas, levando-as a pagar mais juros às instituições fornecedoras de crédito (MATTA, 2007).
2.2 Revisão de literatura
Nessa etapa da pesquisa, buscou-se revisar alguns dos principais estudos correlatos desenvolvidos no contexto nacional, conforme reportado nos Quadros 1:
Após analisar o arcabouço teórico sobre o tema da pesquisa, percebe-se uma forte tendência para pesquisas relacionadas à educação financeira como o principal objeto de estudo, abordando desde comparações a propostas de planos nacionais. Os estudos de Andrade e Lucena (2018), como o de Roquette, Laureano e Botelho (2014), buscam analisar o conhecimento financeiro de estudantes de nível superior, apesar de este comparar o conhecimento percepcionado, aquele que se acredita ter, com o real conhecimento adquirido e aquele que busca relacionar características pessoais e comportamento com a educação financeira, ambos têm o mesmo modelo de amostra, os universitários, e o mesmo foco de estudo.
Em consonância com estes, encontra-se, também, o trabalho de Santos et al. (2019), que, com uma amostra de universitários, busca identificar e comparar os aspectos financeiros pessoais, analisando e confrontando os resultados de cursos relacionados com finanças diante daqueles que não possuem disciplinas voltadas à temática.
Muito também se tem estudado e analisado sobre programas com meta para ensino de matérias financeiras para a população brasileira, como desenvolve-se o estudo de Cunha (2020) e Ribeiro (2020) nos quais abordam, com suas particularidades, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) no Brasil. Dentro desse vasto ramo de pesquisa, são vislumbrados, idealizados e estudados métodos para sanar a falta de educação financeira no país, como, por exemplo, a ação extensionista desenvolvida com crianças visando ao aprendizado das finanças de maneira dinâmica desde a infância apresentada na pesquisa de Lima et al. (2016), como também projetos mais elaborados que é o caso do estudo de Pereira, Cavalcante e Crocco (2019), que discute um plano para capacitação financeira com base na experiência brasileira.
Vista a importância do conhecimento e da administração inerentes às finanças pessoais, alguns estudos buscam analisar os estágios das ações voltadas para este tópico, buscando sugerir iniciativas e mostrar a importância do desenvolvimento nesta área, como aponta o artigo de Savoia, Saito e Santana (2007), que afirma que ainda há ineficiência por parte do Ministério da Educação (MEC) no ensino das finanças.
Outrossim é a pesquisa realizada por Vieira, Moreira Junior e Potrich (2019) que buscou construir e validar um indicador de educação financeira visto a relevância gradativa do assunto na Base Nacional Comum Curricular. Contudo, devido à lacuna na definição e na medição entre os conceitos de educação financeira e alfabetização financeira que nos pontua o trabalho de Silva et al. (2017), verificou-se uma oportunidade de replicar a pesquisa buscando sanar de certa forma suas limitações e avançar na busca dessa diferenciação e as variáveis que as permitem, uma vez que conceitos tão importantes vêm sendo utilizados erroneamente como sinônimos.
Assim, de uma forma geral, pode-se perceber a necessidade de aprofundamento no que tange à essência teórica de cada termo supracitado, possuindo como objetivo principal a secessão dos conceitos, os quais são abordados inúmeras vezes erroneamente, o que possibilitará o mapeamento das relações entre as variáveis da pesquisa.
Nesse sentido, é bastante necessário o entendimento de que o processo da alfabetização financeira considera como diferença entre a dimensão do conhecimento e da aplicação e a medida de quão bem um indivíduo pode entender e usar informações relacionadas às finanças pessoais (HUSTON 2010).
Além disso, a educação financeira, como parte desse processo, seria o que viabiliza aos consumidores/investidores melhorarem a sua compreensão sobre os conceitos e produtos financeiros e desenvolverem habilidades e adquirirem confiança para tomar consciência de riscos e oportunidades financeiras para melhorar a sua proteção e o seu bem-estar financeiro (OECD 2011), possuindo a finalidade de corrigir quaisquer equívocos que sejam apresentados por insuficiência de informações.
2.3 Desenvolvimento das Hipóteses da Pesquisa
A educação financeira contempla os conceitos e atitudes que remetem ao conhecimento financeiro, identificando-se como todo o grupamento de atividades em que se utiliza dinheiro, tais como as despesas pessoais diárias, utilização de cartão de crédito, empréstimos, entre outros (LUCCI et al., 2006). A alfabetização financeira pode ser entendida como um conjunto de fatores, com o qual a educação financeira possui estreita relação (OCDE 2011). Outrossim, o conceito pode ser entendido por duas dimensões: a do entendimento financeiro ou a da educação financeira e a sua aplicação, como afirma Huston (2010).
Segundo a OCDE (2011), a alfabetização financeira pode ser definida como uma combinação de consciência, conhecimento, habilidade, atitude e comportamento. Tal combinação é necessária para que indivíduos possam tomar decisões financeiras de forma mais inteligente e alcançar seu bem-estar financeiro.
Nesse contexto, o conceito generalizado da alfabetização financeira compõe a educação financeira, porque a ampla dimensão da aplicação que envolve a habilidade e confiança de aplicar ou utilizar o conhecimento relacionado aos produtos e conceitos de finanças pessoais é composta da dimensão do conhecimento que envolve apenas o acervo de conhecimento adquirido por meio de educação e/ou experiência, especificamente relacionado aos produtos e conceitos de finanças pessoais, a alfabetização e a educação, respectivamente (HUSTON, 2010).
Costa e Miranda (2013) enfatizam a importância da educação financeira, no que tange ao conhecimento financeiro, sobre decisões relacionadas à economia e finanças durante a vida dos indivíduos na sociedade. Visto isso supõe-se que a alfabetização financeira influencia, de forma positiva, a educação financeira, uma vez que a medição da alfabetização realizada por Shockey (2002) analisou três aspectos, sendo eles o conhecimento financeiro, comportamento financeiro e a atitude financeira. Nesse contexto, formula-se a primeira hipótese de pesquisa:
H1: A Alfabetização Financeira influencia positivamente na Educação Financeira.
A variedade de fatores que influenciam o endividamento das pessoas pode variar desde problemas pessoais, com as finanças particulares ou falta de controle dos gastos, como também aspectos que fogem do seu controle, como, por exemplo, o desemprego ou a redução salarial como afirma Fiorentini (2004). Por conseguinte, o sistema capitalista traz consigo a intensificação do consumo, visto que uma de suas bases é a venda e compra de mercadorias que está atrelada, também, à expansão do crédito (PADILHA, 2003).
Com isso, o acúmulo de dívidas pelo uso indiscriminado dos cartões de crédito e as elevadas taxas pagas que vêm embutidas com as parcelas acabam influenciando no endividamento, fator que poderia ser evitado com acesso à alfabetização financeira, porque, assim como afirmam Lusardi e Tufano (2015), a média de taxas pagas por pessoas que usam cartão de crédito e têm menor alfabetização é 50% maior daqueles que possuem um conhecimento médio, problema esse que afeta, consideravelmente, no investimento em outros mercados (ROOIJ; LUSARDI; ALESSIE, 2011). Desse modo, formula-se a seguinte hipótese:
H2: A Alfabetização Financeira influencia negativamente na Propensão ao Endividamento.
O endividamento pessoal não está diretamente ligado à renda do indivíduo, mas à forma como ele administra as suas receitas e despesas (CERBASI, 2003). O planejamento pode ser diretamente ligado à educação financeira, o que auxilia no hábito da poupança, já que são conceitos intimamente ligados, como afirma Lusardi e Mitchell (2007). Essa poupança e o planejamento para o futuro costumam associar-se com o quão sofisticado financeiramente será o indivíduo, ou seja, a exposição à educação financeira potencialmente permitirá a ele maiores poupanças e acúmulo de riquezas com melhores decisões de investimentos (LUSARDI; MITCHELL, 2014).
Nessa perspectiva, o endividamento e a educação financeira são considerados conceitos atrelados, de forma inversamente proporcional, considerando que uma pessoa que apresenta entendimento financeiro costuma ter condições de consumo de produtos e serviços de uma forma mais apropriada, estimulando assertivamente o sistema econômico, evitando descumprimento de obrigações (PINHEIRO, 2008). Atentando a esse cenário, elaborou-se a terceira hipótese:
H3: A Educação Financeira influencia negativamente na Propensão ao Endividamento.
Abrangendo as variáveis de controle, acredita-se que aqueles que cursam disciplinas voltadas a finanças, administração e assuntos relacionados tenham maiores condições para lidar com questões financeiras (LUCCI et al., 2006), comparado aos que não possuem. Contudo, tais disciplinas não possuem como foco principal a educação financeira, o que condiz com o estudo de Holzmann e Miralles (2005), que afirma não haver a necessidade de uma matéria específica voltada a esta área. A gestão financeira pessoal compreende conhecimentos multidisciplinares que transpassam áreas como a sociologia, psicologia, economia e educação de jovens e adultos (HIRA, 2009). Por isso, decidiu-se avaliar se a educação superior, afim à área de finanças, possui implicação em seu conhecimento financeiro como fez Vieira et al. (2011).
3 METODOLOGIA
A pesquisa tem caráter explicativo, levando em consideração que esta é a que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase que exclusivamente do método experimental. Em se tratando do levantamento de campo, temos uma pesquisa de Survey; pesquisas deste tipo se caracterizam pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obter as conclusões correspondentes dos dados coletados (GIL, 2008).
A amostra foi constituída por estudantes do ensino superior da esfera federal, estadual e rede privada, representada, majoritariamente, pelo Estado do Piauí (82,7%) e por outros estados brasileiros. A estratificação realizada possibilitou a formação de uma amostra com acadêmicos dos mais diversos cursos, áreas do conhecimento e instituições; o recorte foi dado com foco principal nos universitários pelo fato de que estão iniciando a vida adulta e suas primeiras tomadas de decisões financeiras sem interferência da família (GILZEN, 2017).
O atraso escolar é uma restrição de extrema relevância no que tange ao acesso dos jovens brasileiros ao ensino superior. O montante dos jovens que não ingressaram no ensino médio, ou ingressaram e não concluíram, e dos jovens que nem sequer tiveram acesso ao ensino fundamental apresenta cerca de 48% dos jovens brasileiros (ANDRADE, 2012), dessa forma, a porção estabelecida como público alvo desta pesquisa envolve um fragmento da população jovem que possui acesso às universidades e pode, consequentemente, manifestar superior conhecimento a respeito de finanças, além de apresentar padrões de respostas mais congruentes com o objetivo intencionado, uma vez que as pesquisas empíricas demonstram que jovens adultos são desprovidos de entendimentos em educação financeira, com baixa habilidade de gerenciar suas finanças adequadamente (LUSARDI; MITCHELL; CURTO, 2009).
A busca dos artigos científicos foi realizada majoritariamente por meio das bases Spell e Scielo no intervalo entre os meses de novembro (2020) a janeiro (2021) com o termo principal de pesquisa sendo a educação financeira, avaliando conceituações, propostas de intervenção e estudos comparativos.
A pesquisa direcionada aos universitários das instituições privadas e públicas foi realizada por meio virtual, considerando o período de isolamento social promovido pela pandemia da Covid-19. A coleta dos dados se deu por meio do questionário composto de 44 questões de diversos autores, no qual, para as variáveis Índice de Educação Financeira, Escolaridade, Renda e Taxa de Poupança foi tomado como base o estudo de Costa e Miranda (2013); quanto à Propensão ao Endividamento, o trabalho de Campara, Flores e Vieira (2014) foi o suporte de orientação.
Já a Idade e os Dependentes basearam-se na pesquisa de Matta (2007), o Estado Civil em Potrich, Vieira e Kirch (2014), a Religiosidade em Murphy (2013) e o Perfil de Risco do Investidor em Credit Suisse (2015), considerando as adaptações efetuadas pelo estudo de Silva et al. (2017), ao qual se acrescentaram mais três questionamentos relacionados ao curso, período e cidade do participante.
O instrumento de coleta de dados foi inserido na plataforma Google Formulários, sendo o link compartilhado com estudantes de variadas instituições de ensino superior. A amostra obtida foi composta de 548 estudantes do nível superior dos mais diversos cursos, universidades e estados. Posteriormente, os dados coletados foram analisados e confrontados com a base teórica existente para que haja uma refutação ou confirmação dos dados vigentes e conhecidos.
3.1 Construtos da Pesquisa
Os construtos Atitude financeira, Propensão ao endividamento e Comportamento financeiro foram avaliados através da escala Likert de 5 pontos. Como alguns dos questionamentos eram positivos quando apresentavam respostas mais próximas de 5 e outras quanto mais próximas de 1, para facilitar a análise, foram invertidos os três itens da escala de atitude financeira e todos passaram a ter um resultado positivo quando se obtinham respostas mais próximas do valor máximo.
O construto “Atitude financeira” foi analisado por três questões que abordavam quesitos relacionados ao gasto financeiro. O construto “Propensão ao Endividamento” abordou seis indagações que remetiam ao relacionamento pessoal dos indivíduos com as dívidas e seu posicionamento quanto a certas situações que iriam proporcionar, ou não, o endividamento. Já a última dimensão do construto “Comportamento financeiro”, apresentou cinco questões que demonstraram como estaria a relação de cada um com suas poupanças, relacionando com o pensamento em longo prazo.
O “Conhecimento financeiro” e o “Índice de Educação Financeira” (IEF) foram analisados por questões de múltipla escolha, possuindo uma única alternativa apropriada por ser mais pertinente a uma atitude financeira acertada. Os itens de ambos os construtos foram tabulados como variáveis dummies, sendo estabelecido valor 0 (zero) em casos de erro e 1 (um) no cenário de acerto do item. O construto “Conhecimento Financeiro” foi mensurado por meio de 12 questões divididas em três questões consideradas de nível básico e nove de nível avançado, que abordam temas como investimentos, juros e inflação. Por fim, o item “IEF” foi composto de 4 perguntas que buscam avaliar o nível de educação financeira dos participantes.
4 ANÁLISE DOS DADOS
4.1 Perfil do Respondente
O público-alvo definido para a realização da pesquisa compreendia acadêmicos dos cursos das mais diversas áreas do conhecimento busca fazer um levantamento do grau de conhecimento financeiro dos estudantes, analisando variáveis como faixa etária, renda e outros, objetivando aperfeiçoar a pesquisa realizada anteriormente por Silva et al. (2017).
Considerando a amostra de 548 participantes, o perfil médio do respondente é mulher (55,5%) da área de ciências sociais aplicadas (Ciências Contábeis 30,3%) na faixa etária de 22 anos ou menos (58,9%) com renda até R$500,00 (32,5%) discente da Universidade Federal do Piauí (53,5%) da cidade de Teresina no Piauí (61,3%) e que não possui união estável (85%). Em relação ao semestre do respondente médio, temos uma diversidade notória, podendo o discente estar inserido no 1º período (15%), 5º período (15,3%) ou 8º período (13,9%).
4.2 Análise Descritiva dos Itens
Nessa etapa da pesquisa, são analisadas as Estatística Descritiva dos Itens presentes nos 6 construtos investigados, conforme reportado na Tabela 1:
O questionário desenvolvido pelos autores Costa e Miranda (2013), Campara, Flores e Vieira (2014), Matta (2007), Potrich, Vieira e Kirch (2014), Murphy (2013) e Credit Suisse (2015) e as adaptações realizadas por Silva et al. (2017) integram uma análise baseada em 7 construtos distintos: atitude financeira, propensão ao endividamento, religiosidade, comportamento financeiro, conhecimento financeiro básico e avançado e índice de educação financeira. Das questões de 1 a 12, existe um parâmetro de respostas entre 1 e 5, onde 1 – discordo totalmente, 2 – discordo, 3 – indiferente, 4 – concordo, 5 – concordo totalmente, da 13 a 17 isso muda, 1 – nunca, 2 – quase nunca, 3 – às vezes, 4 – quase sempre, 5 – sempre; Da 18 a 33 são questões de múltipla escolha.
Os itens que constituem a atitude financeira apresentaram médias superiores a 3,4, apontando escassa preocupação com o futuro financeiro; ao observar os tópicos seguintes sobre o endividamento, excluindo-se o 5 e o 6, identifica-se uma média superior a 4,2, resultado que configura um cuidado com a aquisição de dívidas. A religiosidade aponta uma média entre 2,86 e 3,58 indicando uma indiferença das pessoas quanto à influência dessa variável na sua educação financeira, em relação ao comportamento financeiro, constata-se atenção mediana quanto à poupança da renda, salvaguardando o patrimônio.
Tendo em vista o uso de múltiplas opções de resposta, compreendendo conhecimento e educação financeira, chegar a uma conclusão será possível posteriormente com a análise mais detalhada das Equações Estruturais.
4.3 Análise Preliminar via Análise Fatorial Exploratória
Inicialmente, realizou-se a Análise Fatorial Exploratória (AFE) de todas as escalas. Os índices estatísticos obtidos (KMO = 0,703; χ2 de Bartlett’s statistic de 447,37, significante a 0,000; e a Variância Total Explicada – VTE de 70,91% após a extração de um único fator), atrelados ao resultado do teste Alpha de Cronbach (0,787), permitiram concluir pela adequação da escala “Atitude Financeira”, sinalizando, assim, o prosseguimento para a análise via PLS-SEM. Nesse ponto, foram mantidos os 3 itens da escala “Atitude Financeira”, tendo em vista que a carga fatorial padronizada apresentaram valores (0,83, 0,86 e 0,83 para os itens 1, 2 e 3 da escala) acima do piso de 0,70 proposto por Hair Jr. et al. (2014).
Na escala “Propensão ao endividamento”, 02 itens (“As pessoas ficariam desapontadas comigo se soubessem que tenho dívida” e “Posso contrair dívida se eu sei que posso pagar”) foram excluídas por apresentarem baixa carga fatorial padronizada. A versão final do questionário (com os itens 1, 2, 3 e 4) apresentou, após a extração de um único fator, bons valores na AFE (KMO = 0,716; χ2 de Bartlett’s statistic de 524,21, significante a 0,000; e a Variância Total Explicada – VTE de 56,74%), bem como de Alpha de Cronbach (0,73).
A escala “Religiosidade” apresentou Alpha de Cronbach de 0,82 e uma solução unifatorial com os seguintes valores: KMO = 0,690; χ2 de Bartlett’s statistic de 588,01, significante a 0,000; e a Variância Total Explicada – VTE de 73,03%. Assim, a exemplo dos dois fatores anteriores, conclui-se pela adequação deste para a análise subsequente via PLS-SEM. Acerca da escala “Comportamento financeiro”, notou-se um Alpha de Cronbach de 0,88 e bons índices estatísticos obtidos na AFE (KMO = 0,852; χ2 de Bartlett’s statistic de 1673,71, significante a 0,000; e a Variância Total Explicada – VTE de 69,64% com uma solução unifatorial.
Nas escalas “Conhecimento Financeiro” e “Educação Financeira”, uma vez que eram dicotômicas (itens corrigidos como “certo” ou “errado”), optou-se por avaliar apenas os valores do Alpha de Cronbach (0,696 para “Conhecimento Financeiro” e 0,707 para “Educação Financeira”) e, dado o resultado obtido, por manter todos os itens na etapa subsequente, avaliação via PLS-SEM, que oportunamente possibilitará avaliar a qualidade do modelo de mensuração.
4.4 Análise via modelagens de Equações Estruturais
Concluída a avaliação preliminar das escalas via AFE, seguiu-se para a condução da análise PLS-SEM. Inicialmente, avaliou-se a qualidade do modelo de mensuração, em termos de confiabilidade composta (composite reliability), a validade convergente (variance extracted), a confiabilidade do indicador (indicator reliability) e a validade discriminante (discriminant validity), conforme Nascimento e Macedo (2016).
Nessa etapa, notou-se a necessidade de remover itens das escalas “Conhecimento Financeiro” (AVE = 0,2489) e “Propensão ao Endividamento” (AVE = 0,3488). Os resultados da qualidade do modelo de mensuração são reportados na Tabela 2:
Conforme pode ser observado na Tabela 2, após a exclusão dos itens das escalas “Conhecimento Financeiro” e “Propensão ao Endividamento”, a maioria dos indicadores remanescentes apresentam Cargas Fatoriais Padronizadas superiores a 0,70. Ressalta-se que alguns itens das escalas “Conhecimento Financeiro”, “Educação Financeira” e “Propensão ao Endividamento” têm coeficientes padronizados inferiores a esse piso, no entanto, optou-se por mantê-los tendo em vista que os valores de confiabilidade composta (composite reliability), validade convergente (variance extracted), confiabilidade do indicador (indicator reliability) e validade discriminante (discriminant validity) sinalizaram pela existência de um bom modelo de mensuração para esses construtos.
Nesse aspecto, todos os construtos apresentaram: Variância Média Extraída (AVE) superiores ao piso de 0,50, o que permite concluir pela existência de validade convergente; indicadores de Confiabilidade Composta superiores a 0,70, logo, adequados para estudos exploratórios; e, por fim, patamares de correlações entre os construtos inferiores à raiz quadrada da AVE de cada construto (Critério de Fornell-Larcker), permitindo concluir, assim, pela existência de nível suficiente de validade discriminante (NASCIMENTO; MACEDO, 2016).
Concluída a avaliação da qualidade do modelo de mensuração, a seguir, na Figura 1, reporta-se o resultado do modelo estrutural proposto:
Conforme pode ser observado na Figura 1, cerca de 12% da variância do construto endógeno alvo (Educação Financeira) é explicada pelo construto “Alfabetização Financeira”. Muito embora possa-se argumentar que o valor do R2 é comedido, ressalta-se que o resultado é coerente com a literatura, tendo em vista a ampla gama de potenciais determinantes da Educação Financeira.
Acerca dos relacionamentos, após isolar o efeito das variáveis de controle Estado Civil, Escolaridade, Perfil de investidor, Idade, Renda, Gênero e Afinidade Financeira, notou-se que a maiores níveis de “Alfabetização Financeira” associam-se positivamente com “Educação Financeira” (β=0,21; p<0,001), permitido, portanto, confirmar a hipótese H1. Também foram obtidos indícios empíricos de que “Alfabetização Financeira” se associa negativamente com a “Propensão ao Endividamento” (β=-0,26; p<0,001), corroborando, assim, hipótese H2. Relativo à hipótese H3, que previa a existência de relação negativa entre “Educação Financeira” e “Propensão ao Endividamento”, não foram obtidos indícios empíricos que possibilitassem sua confirmação (β=-0,02; p<n.s.).
Por fim, analisando as variáveis de controles, notou-se influência significativa para: Gênero (sinalizando que homens têm, em média, maiores níveis de “Educação Financeira”); e Afinidade Financeira (que indica que ter formação na área de negócios agrega maior nível de “Educação Financeira”), sendo considerados afins às finanças, os cursos Administração, Ciências Contábeis e Economia.
Esses resultados sinalizam que a alfabetização financeira e a educação financeira possuem uma intrínseca relação, como afirma a OECD (2011), apesar de apenas a alfabetização influenciar negativamente a propensão ao endividamento, o que pode ser explicado pelo fato deste conceito ser mais abrangente visto a conceituação de autores como Shockey (2002) e Huston (2010). O maior nível de Educação Financeira pelo gênero masculino corrobora os resultados do estudo realizado em vários países por Atkinson e Messy (2012) na qual os homens alcançaram maiores pontuações no construto conhecimento financeiro. Abordando as áreas de conhecimento, percebe-se que cursos voltados às finanças agregam maiores níveis de educação financeira, o que reforça os estudos de Lucci et. al (2016).
Os resultados da pesquisa revalidam as conclusões de Silva et al (2017), no que tange à relação entre a alfabetização e à educação financeira, como também quanto ao conhecimento financeiro, uma vez que este “(…) não é o único requisito para que o indivíduo seja alfabetizado financeiramente.” (SILVA et al, 2017, p. 295), o que atesta a baixa influência da educação financeira na propensão ao endividamento, resultado desta pesquisa, visto que a educação financeira remete ao conhecimento financeiro (LUCCI et al., 2006) e, a sua orientação, apesar de importante, é limitada, enquanto a alfabetização financeira irá trazer o entendimento também da atitude financeira e o comportamento financeiro, como afirmam Shockey (2002) e OECD (2011), para que haja um entendimento completo refletido na melhor compreensão do assunto “endividamento” e consequente influência encontrada na pesquisa.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada com 548 universitários teve como objetivo analisar e diferenciar a aferição dos conceitos de educação financeira e alfabetização financeira juntamente às variáveis abordadas, que influenciam e são influenciadas por estes, visando descobrir relações positivas ou negativas entre esses construtos com enfoque na propensão ao endividamento.
Analisados os dados obtidos, conclui-se que, por meio da Análise via modelagens de Equações Estruturais, a Educação Financeira influencia positivamente a Alfabetização Financeira (β=0,21; p<0,001), que, por sua vez, possui influência negativa quanto à propensão ao endividamento (β=-0,26; p<0,001), enquanto a relação, inversamente proporcional, entre a Educação Financeira e a Propensão ao Endividamento, não manifesta indícios suficientes para confirmação dele. A pesquisa confirma, também, a influência positiva tanto do gênero masculino como da afinidade financeira das áreas relacionadas a finanças quanto à Educação Financeira desses estudantes.
Diante do exposto, é possível inferir que o estudo dos construtos é necessário diante da sua relevância quanto ao resultado benéfico, ou não, das decisões financeiras dos indivíduos. O estudo indica a dificuldade de adequação às situações financeiras as quais a sociedade se expõe, tendo em vista que optar por soluções financeiramente adequadas perante os gastos e dívidas é de íntima relação com o grau de conhecimento financeiro e sua devida aplicação. É importante ressaltar a relevância do estudo em frente ao levantamento realizado pelo Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), em 2018, em que o Brasil se encontrava na 17ª posição entre os 20 países avaliados no ranking de competência financeira, o que demonstra a falta de consciência financeira nas mais diversas faixas etárias, situação a ser solucionada, tendo em mente as graves consequências ao reconhecer dívidas de maneira imprudente.
O trabalho em questão apresenta algumas limitações, sendo uma delas relacionada à amostra, em virtude de uma quantia majoritária (61,3%) residente em Teresina, capital do Piauí, além da falta de representatividade de participantes de todos os estados brasileiros. Sendo assim, a amostra é não representativa do universo. Outrossim, deve-se levar em consideração o período de pandemia causado pela Covid-19 e a crise associada na qual foi realizada a pesquisa, o que pode ter afetado as respostas do questionário aplicado como itens que abordam o rendimento, planejamento, poupança, etc. Ainda relacionado à pandemia, encontra-se limitação quanto à divulgação, realizada apenas via redes sociais, além da participação dos respondentes, visto que o formulário on-line é de grande extensão, o que pode ter causado saturação e cansaço.
Portanto, recomenda-se a aplicação do estudo com amostras representativas de outros estados, visando à confrontação dos resultados, como também indica-se que pesquisas futuras abordem outras variáveis como o período no qual estão inseridos os discentes na busca de verificar se períodos avançados na graduação possuem alguma influência na Educação Financeira. Para mais, pode-se realizar um estudo voltado à análise da grade curricular dos cursos da área de Finanças, visando descobrir se existem matérias específicas que colaborem no maior nível de conhecimento financeiro dos universitários dessa área. Referente às hipóteses, é pertinente que haja um futuro aprofundamento com ênfase em outros construtos, como a poupança.
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