Valdir Coscodai

1) Como é estar à frente da presidência do Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil – há mais de um ano?

Coscodai – Em meu primeiro ano como presidente do Ibracon, apesar das circunstâncias referentes à pandemia, fiquei muito satisfeito com o que conquistamos e com os resultados positivos de nosso esforço para promover a relevância e a importância da nossa profissão.

Senti-me gratificado por iniciar minha gestão no momento histórico em que o instituto estava completando 50 anos. Em mais um passo importante de sua trajetória, inovou e agregou mais visões pluralistas. 

Fato importante nesse sentido foi o lançamento, em dezembro de 2021, do nosso Manifesto pela Inclusão e Diversidade e das Bandeiras da Auditoria Independente, bem como da nova marca da entidade (Ibracon – Instituto de Auditoria Independente do Brasil), na 11ª Conferência Brasileira de Contabilidade e Auditoria Independente.

Foi notável a participação dos líderes e representantes de firmas associadas ao Ibracon na discussão e elaboração das Bandeiras, que representam a essência da auditoria independente, do que a profissão defende e de seus posicionamentos perante todos os stakeholders. 

Senti-me gratificado por iniciar minha gestão no momento histórico em que o instituto estava completando 50 anos. Em mais um passo importante de sua trajetória, inovou e agregou mais visões pluralistas.

Elas são as seguintes: “Relevância da Auditoria Independente para o mercado e a sociedade”; “Tecnologia como aliada da Auditoria de alta qualidade”; “Pessoas como diferencial”; “Fortalecimento da cultura de Diversidade e Inclusão”; “Atividade baseada no desenvolvimento continuado”; e “Atividade como agente de mudanças”.

Na elaboração das Bandeiras do Ibracon, buscamos, em nosso esforço conjunto, alinhá-las aos mais atuais conceitos de sustentabilidade social, ambiental e econômica, e diversidade, respeito ao valor do ser humano, importância do conhecimento e da educação continuada e utilização da tecnologia como suporte à excelência e produtividade. 

Todos esses princípios convergem, sinérgicos, para a defesa do interesse público, num processo de transformação positiva da sociedade. Com os mesmos propósitos, lançamos a nova marca do Ibracon, já citada, e criamos o Ibracon Jovem, o Comitê de Tecnologia e Inovação e o Comitê de Inclusão e Diversidade.

2) Quais os principais desafios que a sua atual função no Ibracon revelou durante este período?

Coscodai – As metas e prioridades que elegemos para nossa gestão traduzem os desafios mais relevantes da profissão, no sentido de reforçar sua importância para a economia, o mercado de capitais, a transparência, compliance e ética nos mercados e contribuição para que tenhamos um ambiente de negócios cada vez melhor.

No contexto dos desafios citados, nos deparamos com a necessidade de buscar o reposicionamento da marca e que, em conjunto com um novo plano de comunicação, segue em implantação. 

Promovemos a mudança da marca, que tem especial significado, bem como revisitamos o posicionamento do Ibracon – missão, visão e valores – e criamos o seu propósito, tangenciando o que nos trouxe até aqui e o que nos levará adiante.

Todos os avanços basearam-se em pesquisa conduzida por agente independente, com associados e stakeholders relevantes do mercado de capitais, academia e management que nos indicaram como podemos continuar aprimorando e facilitando as interações.

Na elaboração das Bandeiras do Ibracon(…)buscamos alinhá-las aos mais atuais conceitos de sustentabilidade social, ambiental e econômica, e diversidade, (…) do conhecimento e da educação continuada e utilização da tecnologia como suporte à excelência e produtividade

O Ibracon, neste novo ciclo, busca comunicar-se melhor, no intuito de continuar a ser o principal interlocutor com os protagonistas dos mercados em que a Auditoria Independente está inserida. 

Falamos em advocacy, em trabalhar em conjunto com todos os participantes do ecossistema de relatórios corporativos, para que cada vez mais o ambiente contemple nossos objetivos de alcançar as máximas ética e transparência, valores que são sinônimos do trabalho realizado pelos nossos profissionais.

Também no presente mandato, o Ibracon avançou em diversas ações que já estavam em curso nas frentes de Desenvolvimento Profissional, Técnica, Comunicação, Seções Regionais, Relações Institucionais e Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes. Agregamos novos projetos, para atender às mudanças do Brasil e do mundo, aceleradas pela pandemia.

Temos buscado estreitar cada vez mais o relacionamento com os órgãos reguladores e normalizadores, assim como com as entidades congraçadas, promovendo o diálogo permanente. Da mesma forma, ampliamos a aproximação com a imprensa e formadores de opinião, visando ao crescente reconhecimento da sociedade sobre a auditoria independente.

Continuamos a priorizar as atividades de Educação Profissional Continuada e estamos atentos às novas demandas que surgem e agregam complexidade aos processos. 

Lançando novos projetos, como o Programa de Implementação da ISQM 1 – Gestão da Qualidade na Auditoria, nova norma internacional de Gestão da Qualidade que passa a vigorar em 2022. Isso desafia firmas de auditoria de todos os portes, mas agrega valor aos serviços prestados.

Ademais, seguimos dedicando atenção às Firmas de Auditoria de Pequeno e Médio Portes (FAPMP), procurando apoiá-las e auxiliá-las em diversas frentes, com destaque para a produção de materiais de suporte, treinamentos e webinars, que se tornaram ferramentas fundamentais para o compartilhamento de informações.

Também estamos muito presentes em discussões técnicas em diversos setores, com a participação ativa da Comissão Nacional de Normas Técnicas (CNNT), do Comitê de Normas de Auditoria (CNA) e do Comitê de Normas de Contabilidade (CNC). 

Temos diversos Grupos de Trabalho (GTs), todos compostos por profissionais de relevância em suas firmas e na profissão, que acompanham os cenários contábil e de auditoria independente em diferentes indústrias. 

Incentivamos e somos parte do Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC) do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), de modo que ofertamos uma grade de atividades para que os profissionais estejam sempre atualizados. 

Apoiamos nossos associados com análises, estudos, Circulares e Comunicados Técnicos.

Todas essas linhas de atuação fortalecem a profissão e os profissionais de Auditoria Independente, para que sejam capazes de responder prontamente às demandas mais complexas e urgentes. 

As interações com o mercado, profissionais, organismos normalizadores e entidades congraçadas são importantes para estabelecer um diálogo e propor soluções eficazes.

3) De que modo você enxerga a participação contínua do profissional da contabilidade no desenvolvimento das empresas?

Coscodai – O profissional da Contabilidade tem importância crescente nas empresas de todos os setores. 

Seu trabalho tem impacto positivo em várias frentes, desde a maior credibilidade e clareza das informações contábeis disponibilizadas pelas companhias, como no estabelecimento de parâmetros para a melhor gestão financeira e planejamento operacional e investimentos.

Não é sem razão que os profissionais sejam cada vez mais requisitados, além de sua função intrínseca, também como consultores, por parte das organizações.

4) Como você iniciou sua carreira na área da auditoria contábil e o que mudou desde o início?

Coscodai – Iniciei minha carreira como auditor independente após percorrer algumas atividades correlatas e conhecer melhor o trabalho que o auditor desenvolve, aos 22 anos de idade, enquanto ainda era um estudante. Pude descobrir que o auditor perpassa os diversos departamentos de uma entidade e a relevância da sua atuação.

Assim, iniciei como trainee de auditoria e, em paralelo, o bacharelado em Ciências Contábeis. Desde que iniciei, o mundo mudou e evoluiu consideravelmente, e os auditores independentes e todos os profissionais da Contabilidade, acompanharam esse processo. 

A forma como trabalhávamos, estudávamos e nos relacionávamos mudou muito, principalmente em decorrência da evolução tecnológica.

Também assisti ao avanço normativo, com a adesão de nosso país às Normas Internacionais de Contabilidade, tanto para o setor privado, como o público, o que também representou avanço significativo.

O profissional da Contabilidade tem importância crescente nas empresas de todos os setores (…) desde a maior credibilidade e clareza das informações contábeis disponibilizadas pelas companhias, como no estabelecimento de parâmetros para a melhor gestão financeira e planejamento operacional e investimentos.

Não tenho dúvidas de que muitas mudanças virão nas próximas décadas, principalmente por conta da tecnologia, que não para de evoluir, e das transformações econômicas e sociais, que se renovam e se transformam de modo dinâmico.

E o auditor necessita acompanhar tais avanços e buscar qualificação contínua para estar preparado para o novo perfil profissional requerido.

Porém, algo não mudará jamais: as necessárias habilidades primárias do auditor independente e dos profissionais da Contabilidade de maneira geral, fundamentadas em pilares fortes e inalienáveis.

Assim como aqueles que precederam os que estão hoje no mercado, as novas gerações continuarão fazendo parte de um grupo altamente capacitado e competente, regido por princípios de transparência, ética e lisura. É uma profissão que demanda trabalho e responsabilidade, mas extremamente gratificante.

5) Como você enxerga a junção de esforços da administração com a contabilidade?

Coscodai – Acredito que a sinergia entre as duas funções contribua muito para o sucesso da gestão das empresas. Os profissionais da Contabilidade, como pontuei anteriormente, representam um dos importantes pilares das entidades. Por isso, uma atuação multidisciplinar pode ser entendida como um fator estratégico que reforça a governança corporativa.