O primeiro livro brasileiro de Contabilidade: A Metafísica da Contabilidade Comercial
O primeiro livro brasileiro de Contabilidade: A Metafísica da Contabilidade Comercial
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O primeiro livro brasileiro de Contabilidade: A Metafísica da Contabilidade Comercial

Edição 38
ISSN: 2357/7428
Janeiro, 2022

Os estudos em história da Contabilidade fornecem o resgate da construção da teoria e prática contábil em diversos contextos sociais, econômicos e políticos. Este artigo tem como objetivo realizar o estudo do primeiro livro brasileiro de Contabilidade, publicado em 1837 por Estevão Rafael de Carvalho.

Para a consecução do objetivo, foi realizada uma pesquisa qualitativa com uma abordagem historiográfica da obra “A metafísica da contabilidade comercial”.

A discussão apresentada no estudo evidencia o legado de Carvalho para o desenvolvimento da contabilidade nacional e seus pensamentos considerados incipientes para o Brasil do século XIX, como a contabilidade indo além de uma técnica de escrituração e sendo considerada uma ciência.

Palavras chave: História da Contabilidade. Metafísica da contabilidade comercial. Estevão Rafael de Carvalho.

Autores

Mestrando do Programa de Pós-graduação em Contabilidade da Universidade Federal do Paraná. Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Pará

Francisco Patrik Carvalho Gomes

Thais Alves Lira

Mestranda do Programa de Pós-graduação em Contabilidade da Universidade Federal do Paraná. Graduada em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Pará.

Introdução

A pesquisa historiográfica em Contabilidade oferece excelentes oportunidades para o desenvolvimento do conhecimento empírico sobre o funcionamento dos sistemas contábeis, tal como o aperfeiçoamento da teoria contábil (CARMONA, 2017). 

Sendo assim, entender o passado da Contabilidade é fundamental para a compreensão do pensamento e da prática contábil contemporânea, permitindo, assim, o fortalecimento da apreciação das dimensões e impactos sociais da contabilidade em indivíduos, organizações e sociedade, possibilitando avaliar a contabilidade em seus modos atuais com mais eficiência (GOMES et al., 2011).

A Contabilidade brasileira do século XIX oferece um vasto campo para estudos historiográficos. 

Silva (2005) evidencia diversos fatos de forte relevância para a área da contabilidade que tiveram origem neste período. 

Um dos pontos levantados pelo autor é o estudo das obras que contribuíram para divulgação da contabilidade ao longo do século XIX. 

As primeiras obras de contabilidade utilizadas para a instrução da escrituração mercantil desempenharam um papel fundamental para o desenvolvimento da teoria e prática contábil. 

Para Carnegie e Napier (2000), a identificação do “primeiro livro didático de contabilidade” em diferentes países é uma etapa importante no registro da difusão da contabilidade, e não deve ser descartado de forma simplista como “antiquário”.

Pesquisas internacionais estudaram os primeiros atuantes em diversos contextos na área da contabilidade. 

Edwards (1954) pesquisou sobre as primeiras manifestações da contabilidade pública nos Estados Unidos. 

Já Carnegie e Parker (1994) abordaram o primeiro livro de contabilidade na Austrália. 

Carnegie e Williams (2001) dedicaram-se a aprofundar as discussões quanto aos primeiros professores de contabilidade na Austráliae Smith (2018) analisou o primeiro livro que formalizou a prática das partidas dobradas.

No Brasil, o primeiro livro nacional de contabilidade foi publicado em 1837 com o título de “Metafísica da Contabilidade Comercial” escrito pelo professor da Aula de Comércio do Maranhão Estevão Rafael de Carvalho. 

A obra apresenta discussões relevantes para o desenvolvimento do pensamento contábil no século XIX. Carvalho é Patrono da Cadeira n.º 20 da Academia Maranhense de Ciências Contábeis (AMCC) e sua obra foi escrita no contexto da Aula de Comércio e dedicado para uso dos seus alunos.

A Aula de Comércio da Corte foi instituída pelo alvará de 15 de julho de 1809 e estava voltada para a preparação em práticas contábeis e mercantis, de perfil estritamente prático. 

Na província do Maranhão, a Aula de Comércio foi criada em 1811, que seria suspensa em fevereiro 1820, após a destituição do professor Francisco Justino da Cunha, cuja incapacidade foi considerada como principal motivo para a falta de alunos. 

No entanto, as atividades da aula foram retomadas no Maranhão em 1831, tendo como professor Estevão Rafael de Carvalho (CABRAL, 2011).

Diante do exposto, a pesquisa tem como objetivo realizar o estudo do primeiro livro brasileiro de contabilidade publicado em 1837 por Estevão Rafael de Carvalho. 

A pesquisa se justifica por resgatar o legado de Carvalho para o desenvolvimento da contabilidade nacional e por evidenciar as contribuições do autor com discussões consideradas incipientes para o Brasil do século XIX, como a contabilidade indo além de uma técnica de escrituração e sendo considerada uma ciência. 

A relevância desse estudo também se pauta no destaque ao autor Estevão Rafael de Carvalho como um dos precursores da discussão da teoria da Contabilidade nacional, e que apesar da significância das suas contribuições ainda permanece pouco explorada em estudos históricos no Brasil.

Para operacionalizar o presente estudo, a discussão foi dividida em três seções: a primeira é dedicada a biografia de Estevão Rafael de Carvalho; a segunda apresenta a análise da obra, subdividida em: Reflexão do termo metafísica; Contabilidade Arte e/ou ciência? Definição da contabilidade; Partidas dobradas e Apuração de Resultados e Balanço; e a última seção apresenta as considerações finais.

1. ESTEVÃO RAFAEL DE CARVALHO

Estevão Rafael de Carvalho nasceu na cidade de Viana, Estado do Maranhão no ano de 1800. Pertenceu a uma família tradicional maranhense; seus pais eram João de Carvalho Santos e Margarida Francisca de Araújo Carvalho.

Figura 1
Estevão Rafael de Carvalho
Fonte: Academia Vianense de Letras

(…) No Lyceu nunca houve contestação entre os professores, e muito menos perturbação nos exames. No dia em que o Sr. Presidente da Província se dignou comparecer naquele Estabelecimento, era eu então que presidia aos exames e afirmo sem receio de ser contestado que a melhor ordem, a mais rigorosa disciplina, e o mais profundo respeito e silêncio reinavam naquele ato. E se o Sr. Presidente da Província compareceu, foi por ser este o estilo de todos eles, e não para reprimir desordens que nunca existiram. Para abono da verdade, rogo-lhes o obséquio de publicar estas linhas (Jornal Maranhense, 1841 p.30).

Na carreira de jornalista, fundou o Jornal “O Bem-te-vi”, em 1838, considerado um dos jornais mais polêmicos de sua época. O Bem-te-vi era um jornal bem escrito, o que identificava a formação cultural do seu editor. 

Nos seus mais de três meses de atividades, deixou um rastro de inquietação, controvérsias, sendo alvo de insultos, acusações e defesas (JORGE, 1987).De acordo com Serra (1948), o jornal teve forte influência sobre a Balaiada (revolta popular ocorrida no Maranhão entre os anos de 1838 e 1841), sendo Estevão Rafael de Carvalho o principal responsável intelectual da Balaiada (SERRA, 1948).

Carvalho foi ameaçado de morte por diversas vezes, pelas opiniões liberais que trazia em seu jornal e só não perdeu o emprego de professor no Liceu Maranhense pelo amparo da vitaliciedade, como concursado (SOARES, 2018). 

Para combater a linguagem atrevida do jornal Bem-te-vi e na tentativa de diminuir sua popularidade, opositores criaram dois periódicos: O Despertador e O Caçador de Bem-te-vi” – este último trazia em seu cabeçalho um homem fazendo a mira com uma arma de fogo para um bem-te-vi(SERRA, 1948).

Estevão Rafael de Carvalho faleceu no dia 26 de março de 1846, em São Luís. Em seu perfil biográfico traçado por Serra (1948, p. 235), Carvalho foi uma “Figura muito curiosa da história política do Maranhão”. 

Por suas críticas publicadas em seus periódicos e pelo desempenho de suas funções, principalmente no ensino da Contabilidade, tornou-se uma figura importante não só para a política, mas também para a educação contábil no Maranhão. 

Na cidade de Viana, ele é o patrono da Cadeira n.º 10 da Academia Vianense de Letras, fundada em 2002 (SOARES, 2018).

Sua principal contribuição para a contabilidade foi a obra A Metafísica da Contabilidade Commercial, considerado o primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil (SOARES, 2018). 

Destacam-se, na seção seguinte, os principais pontos de contributos da obra para o ensino da Contabilidade nacional.

2. ANÁLISE DA OBRA

A obra “A Metafísica da Contabilidade Commercial”, escritapelo maranhense Estevão Rafael de Carvalho foi publicada em 1837 no Rio de Janeiro pela Typografia Imperial e Constitucional, a qual pertencia a Junios Villeneuve, proprietário do Jornal do Commercio, considerado um dos mais importantes jornais impressos da corte(MOLINA, 2015).

Figura 2.
Capa do Livro “A Metafísica da Contabilidade Commercial”
Fonte: Carvalho (1837)

Apesar da publicação, em 1837, o livro é uma continuação da obra escrita por Carvalho em 1833, quando anunciou sua publicação no jornal o Publicador Official conforme mostrado na Figura 3. 

Possivelmente foi escrito em formato de apostilas para alunos da Aula de Comércio do Maranhão, em que era professor. 

Observa-se uma particular contribuição do autor para a Contabilidade brasileira, no que diz respeito ao seu pioneirismo ao conceitua-la como ciência em pleno ano de 1833.

Figura 3.
Anúncio da obra Metafisica da escrituração mercantil
Fonte: O Publicador Official (MA), julho de 1833, edição 176

O livro é dividido em três partes, a primeira trata-se da Contabilidade Natural, que se refere às transações à vista: compra e venda de gêneros; às transações a tempo, ou seja, a prazo; e às transações à vista e aprazo conjuntamente. 

A segunda parte trata da Contabilidade Artificial, onde o autor explana sobre a escrituração parcial ou “partidas singelas”, equivalente a partidas simples e o balanço. 

A terceira parte aborda a escrituração recíproca, ou seja, partidas dobradas e apresenta dois exemplos de balanço. 

Além disso, o livro exibe diversos exemplos e exercícios que utilizam as operações mercantis características da época.

Figura 4
Divisão do livro “A Metafísica da Contabilidade Commercial”.
Fonte: Carvalho (1837).

Carvalho inicia a obra com uma Advertência aos Estudantes expondo algumas reflexões sobre as diferenças entre arte e ciência que se estendem por cerca de dezenove páginas providas de argumentos, de elevado cunho filosófico, possivelmente essa linguagem provém da sua formação em filosofia. 

Um artigo publicado no jornal O Chronista (1837, p. 3) aponta a Advertência aos Estudantes como a “causa que muitos não leiam a obra” por não ser de fácil entendimento. 

No entanto, a leitura da obra é recomendada por desenvolver com grande felicidade e perspicácia os princípios da escrituração comercial.

Figura 5.
Crítica a obra “A Metafisica da escrituração mercantil”
Fonte: O Chronista(RJ), outubro de 1837, edição 104, p. 3.

Com a leitura da advertência, é possível atestar que a obra seria uma continuação do exemplar “Metafisica da escripturação mercantil, ou sciencia dos guarda-livros” ao explicar que o conteúdo estava quase igual ao publicado em 1833. 

Por ser um livro dedicado aos alunos da aula de comércio, a falta de alguns conteúdos seria suprida durante suas aulas

Já de antemão vos advirto; que eu mesmo acho obscuridades e desalinhos neste escripto; elle está quasi qual existia em 1833, quando annunciei a sua publicação […]. Não me importando mais de rever o que estava escripto desde 1833, apenas o li ás carreiras, e ás carreiras compuz as taestabelas (CARVALHO, 1837 p. vij).

Para escrever o livro, Carvalho (1837 p. vij) afirma “Quando quiz organisar esta theoria, trabalhei muito, consultei infinitos autores que de nada me servirão” o que revela a sua criticidade as obras até então escritas. Portanto, o resultado da obra seria fruto da sua meditação “E quem sabe se tudo isto hemetafisica!” (CARVALHO, 1837 p. vij).

No entanto, Carvalho indica dois autores: Degrange, que nas palavras do autor “que he autor muito estimável; e aquelles que não souberem o francez, podem lêrJaclot, que está traduzido em portuguez” (CARVALHO, 1837 p. xi). A obra de M. Edmond Degrange, “Methodo fácil de escriturar os livros, por partidas simples, ou partidas dobradas” foi mais tarde publicadaem Portugal, traduzida por M. J. da Silva Porto, e anunciada em terras brasileiras em 1838 (JORNAL DO COMÉRCIO, 1838. ed. 261. p. 3).Já o livro de J. Jaclot “Sciencia do Guarda Livros, ensinada em 21 lições, e sem Mestre, ou Tratado Completo de Escripturação dos livros, em partidas simples e dobradas”, teve sua publicação no Rio de Janeiro, em 1835, traduzido por João Cândido de Deus e Silva (SILVA, 2005).Contudo, essa tradução foi criticada, por ser incompreensível para brasileiros e portugueses (REVISTA NACIONAL E ESTRANGEIRA, 1839, edição 2, p. 332).

 

2.1 Reflexão sobre o título “Metafísica”

O autor Estevão Rafael de Carvalho dedicou-se também a justificar a utilização do termo “metafísica” presente no título do livro. Os argumentos utilizados estão presentes no tópico intitulado de “Huma reflexão sobre o título deste escripto, a palavra metafísica”. Carvalho apresenta duas definições de metafísica sob duas perspectivas observadas por ele. A primeira definição explana que metafísica é um termo utilizado para uma ciência (que não é física nem natural), enquanto a segunda é definida como a ciência das causas.

O termo física significa “fatos” e é por onde o estudo da ciência deve sempre iniciar, ele define metafísica como “estudo sobre os factos, he pois sinônimo de teoria”. Nesse sentido, o autor apresenta em seu livro a teoria e o estudo dos fatos da contabilidade comercial do século XIX

Por outro lado, Carvalho (1837) argumenta que as duas perspectivas estão equivocadas e apresenta os motivos de as definições serem errôneas. Na primeira definição, o autor explana que é impossível uma ciência não possuir uma estrutura teórica em fatos materiais. Na segunda, o autor expõe que para existir ciência também é necessário um alicerce desses fatos. Portanto, para Carvalho (1837 p. xjx), o termo física significa “fatos” e é por onde o estudo da ciência deve sempre iniciar, ele define metafísica como “estudo sobre os factos, he pois sinônimo de teoria”. Nesse sentido, o autor apresenta em seu livro a teoria e o estudo dos fatos da contabilidade comercial do século XIX.

O autor ainda apresenta no tópico em questão a justificava da mudança do título do livro, visto que, anteriormente, pensou em chamá-lo de “Ensaio sobre a sciencia da comptabilidade comercial”, e ressalta que, mesmo tendo anunciado a publicação em 1833, esta não aconteceu. Possivelmente o autor estivesse se referindo ao anúncio feito por ele mesmo no Jornal “O Publicador Official” de 13 julho de 1833 exposto na Figura 1.

2.2 Contabilidade Arte e/ou Ciência?

No contexto internacional, a discussão da Contabilidade como ciência foi amadurecida na obra do francês J. P. Coffy, em 1836, e corroborada com os estudos do italiano Francesco Villa, em 1840. Parma (1991) e Carqueja (2014) fazem referência ao trabalho defendido por Costaz à Academia de Ciências da França em 1834, no qual a Contabilidade passou a ser considerada uma ciência, e que distinguiu no campo contábil as linhagens mestras filosóficas entre o saber e o fazer, visto que, durante muito tempo entre os estudiosos da Contabilidade, havia uma discussão sobre esta ser uma Ciência e/ou Arte (SÁ, 1997).

No contexto nacional, Estevão Rafael em sua Obra a Metafísica da Contabilidade Comercial apresenta suas reflexões sobre essa discussão. Nesse sentido, Carvalho (1837) foi um dos precursores para o amadurecimento do pensamento da Contabilidade como uma ciência, visto que, ainda no século XIX, já argumentava em seu livro, no capítulo denominado “Advertência aos Estudantes”, as diferenças entre arte e ciência e seus reflexos no campo da Contabilidade:

“Que todas as scienciasbaseião-se em factos e só em factos, no que ellas se tocão; saibão que as leis que presidem á formação, deducção e subordinação delles constituem as theorias; saibão que quanto maior he o numero de factos que humatheoria abrange, tanto mais rica he a sciencia a que ella pertence; saibão finalmente, que todas as sciencias são igualmente exactas e rigorosas” (CARVALHO, 1837 p.v)

De acordo Carvalho (1837 p. 3) “Sepois a comptabilidade comercial hearte, ella deve necessariamente ser filha de humasciencia; E esta dir-se-hánascida, se pela Analyse de hum facto daquella se concluirem com precisão e evidencia os outros”. Nesse sentido o autor defendia que mesmo se a contabilidade for considerada uma arte ela nasceu de uma ciência, pois a Ciência Contábil provém do campo científico, visto que, analisa com precisão os fatos a partir das evidências (relatórios, demonstrações contábeis, inventários).

Carvalho (1837 p. xvj) reforça ainda que “Se para existir a ciência é necessário o alicerce dos fatos; se a ciência não pode abandonar o país da realidade para desempenhar-se em teorias sem retificação”.O autor busca evidenciar a relevância dos fatos e das teorias na construção dos conhecimentos científicos e, dessa forma,acredita que a “Arte não dá razão do que faz, no entanto, a ciência demonstra a verdade do que diz”Carvalho (1837 p. 3), ou seja, a ciência busca evidenciar a verdade e a objetividade a partir do conhecimento e a arte possui uma abordagem subjetiva. Portanto, na visão de Estevão Rafael, a Contabilidade a partir de seus controles patrimoniais é uma ciência, pois tem como foco a racionalidade a partir da análise e dos registros dos fatos contábeis.

Outros autores também corroboram a discussão sobre a classificação da Contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. Schmidt (1998) expõe que os defensores da Contabilidade como uma arte (DEGRAGENS,1972; BOCCARDO,1863; SENEUIL, 1866; BARRÉ, 1870) argumentam que esta nomenclatura não traduz a expressão do belo, mas a capacidade de os atores colocarem em prática uma ideia e, para isso, centram-se na faculdade de dominar a matéria, ou seja, além de exprimir a beleza a arte, também busca o belo por meio do científico e suas implicações no conhecimento humano.

As discussões da contabilidade como uma arte e as críticas sobre essa classificação são discutidas até mesmo no século XXI. No estudo de Almeida (2012) são vistas com um olhar de uma metáfora sem conteúdo. O autor expõe que o argumento da contabilidade ser uma arte advém de uma conexão acrítica dos estudiosos. Almeida (2012) defende que a contabilidade não é uma arte em nenhum contexto, visto que não cumpre qualquer dos requisitos associados ao termo arte.

No âmbito da Contabilidade como uma ciência, Farias e Martins (2015) discutem o desafio da Contabilidade em desenvolver-se como uma ciência social e, não apenas, como uma técnica utilizada nas organizações. Com esse enfoque, as reflexões dos autores partem da necessidade da contabilidade em se tornar madura como uma ciência social e desenvolver teorias (sistema de hipóteses) que sejam capazes de pautar e explicar os fatos científicos.

Carvalho (1837) argumenta sobre a necessidade dos gestores em possuírem informações mais detalhadas sobre os negócios para tomarem suas decisões.
Nesse sentindo, a contabilidade possui uma perspectiva objetiva para a análise das transações comerciais, tendo como foco o desenvolvimento dos negócios

A relevância da reflexão sobre a classificação da contabilidade na obra A Metafísica da Contabilidade Comercial reside no âmbito da quebra de paradigmas e o desenvolvimento da discussão da Contabilidade como uma ciência. Portanto, as discussões da contabilidade e sua classificação como uma arte ou ciência evidenciam a evolução do pensamento contábil e a estruturação da teoria da Contabilidade.

 

2.3 Definição de Contabilidade

A definição de contabilidade foi construída a partir da acumulação do conhecimento e da discussão do pensamento contábil por estudiosos ao longo dos anos. 

O professor Estevão Rafael em sua obra a Metafísica da Contabilidade Comercial expõe a necessidade dos negócios em possuir uma forma de controle do patrimônio, que também forneça informações para fundamentar as decisões dos comerciantes. Sob esse prisma, Carvalho (1837) argumenta que a contabilidade nasce como uma necessidade para a gestão dos negócios: 

“Sem o novo espediente, em vão qualquer indivíduo pretenderia escripturando observar o curso do seu commercio de modo que ele podesse conhecer as vantagens e alternativas resultantes de tal’ industria, pois cada permutação referia-se a huma unidade particular; inconveniente que não offecerece o negocio onde todas as transações referem-se a huma mesma unidade invariável” (CARVALHO, 1837 p.4).

Carvalho (1837) argumenta sobre a necessidade dos gestores em possuírem informações mais detalhadas sobre os negócios para tomarem suas decisões. 

Nesse sentindo, a contabilidade possui uma perspectiva objetiva para a análise das transações comerciais, tendo como foco o desenvolvimento dos negócios, o que reforça o aspecto científico da Contabilidade e se opõe ao argumento da contabilidade como uma arte.

Para Carvalho (1837), a contabilidade tem por objetivo a boa disposição das contas de um indivíduo para ele conhecer o estado do seu negócio a todo o tempo que lhe achar necessário. 

Essa definição é importante, pois evidencia a essência da contabilidade para os negócios e pode ser considerada atual, visto que é considerado o papel tempestivo da contabilidade ao fornecer informações para a tomada de decisão nas organizações.

Nesse contexto, Carvalho (1837 p. 4) expõe em sua obra que a contabilidade possui o papel de “Assentar todas as transações, que o indivíduo faz com a clareza, concisão e ordem em relação à mesma unidade, eis o que se chama contabilidade comercial”. 

Nesse sentido, evidencia-se a relevância da discussão apresentada para a Aula de Comércio, pois os conteúdos expostos estão além da perspectiva técnica, e permitem os estudantes a vislumbrarem a contabilidade como uma ciência que auxilia no direcionamento da tomada de decisão nos negócios.

Na primeira transformação da contabilidade, as transações à vista e a tempo são independentes entre si, e que a sua simplicidade não exigia meditação nem análise para a sua execução

É importante ressaltar a contribuição de Carvalho (1837) para o desenvolvimento da teoria da Contabilidade, visto que o manuscrito “A metafísica da contabilidade commercial” foi o primeiro livro de contabilidade publicado no Brasil (RICARDINO, 2001; RODRIGUES E SANGSTER 2013; SOARES, 2018). 

A obra evidencia discussões incipientes para a teoria contábil, visto que Carvalho já discutia a Contabilidade como uma ciência antes mesmo da publicação do livro de Francesco Villa, em 1840 – considerada a principal obra do período científico da contabilidade, publicada três anos depois da obra de Carvalho (1837).

No entanto, apesar da relevância das discussões de Estevão Rafael de Carvalho, o autor não é mencionado em estudos anteriores (e.g., PARMA,1991; FONSECA, 2009; BARBOSA, 2009)como um dos precursores desta discussão.

 

2.4 Partidas Dobradas

A Metafísica da Contabilidade Comercial possibilitou a divulgação do método das partidas dobradas no Brasil. Embora o uso deste método já estivesse sendo praticado desde 1780, sua consolidação aconteceu gradativamente, começando pelo Édito Real de 28 de junho de 1808, em que D. João VI ordenava que a escrituração da Real fazenda Portuguesa se fizesse por meio de partidas dobradas (RICARDINO, 2001). No Brasil, durante o século XIX, as partidas simples também eram usadas e ensinadas. 

Na própria obra de Carvalho (1837), na parte da Contabilidade Artificial, o autor explana sobre a escrituração parcial ou “partidas singelas”, equivalente a partidas simples. 

A própria contabilidade pública só deixou as partidas simples no início do século XX (SILVA E SILVA, 2018).

Carvalho chama a atenção sobre a denominação de partidas simples e partidas dobradas, fazendo uma crítica aos autores práticos: “Parece-me que os autores práticos nao entendem bem estas denominações” (Carvalho, 1837 p. 74).

Degrange, o decano dos praticos, dizia – A guarda dos Livros (contabilidade) em partidas simples tem por objecto o abrir contas por debito e credito a cada huma das pessoas com as quaes se faz transações a termo. Em outro logar tão bem diz, fallando sobre partidas dobradas, que alem da parte das contas por partidas simples que lhe he comum – O segundo objecto das partidas dobradas he – de abrir demais, huma conta por debito e credito, a cada natureza de effeitos que hesusceptivel de ser recebida e fornecida, e a seus ganhos e perdas.

Na primeira transformação da contabilidade, as transações à vista e a tempo são independentes entre si, e que a sua simplicidade não exigia meditação nem análise para a sua execução. 

Esta contabilidade (primeira transformação) é o que o autor chama de partidas simples, no entanto, segundo Carvalho, na descrição dada pelos práticos da época, parece ser partida dobrada.  

Já a partida dobrada (segunda transformação) estabelece a dependência das duas transações, resultando em que cada parcela de conta tenha pela menos uma dupla denominação, enquanto que na partida simples cada parcela só tem um nome. Carvalho finaliza sua reflexão citando “Veja-se que differença de entender. E nem se diga que eu quero fazer huma inovação; antes concorde-se que por falta de analise do objecto, os praticos não são exacto” (CARVALHO, 1837 p. 75).

Essa definição é semelhante a defendida pelo acadêmico Louis Costaz, em 1834, traduzido por Carqueja (2014 p. 2): “No método em partidas simples, a soma transferida só é escrita numa conta, no método por partidas dobradas o valor é sempre escrito em duas contas, a saber: na do devedor como encargo, na do credor como seu benefício”.

 

2.5 Apuração de Resultados e Balanço

Sobre a apuração dos resultados, Carvalho (1837) menciona que “balancear casa” é conhecer o estado do negócio de qualquer indivíduo:

(…) mui fácil he conhecer o estado do negocio de qualquer individuo, o que se chama balancear casa, isto he, examinar se o capital está augmentado, ou diminuido ou estacionario. Para isto tudo se reduz a somar os ganhos com o capital, e a diminuir deste as perdas (CARVALHO, 1837 p. 8).

Carvalho (1837, p. 9) argumenta que quando os gêneros comprados fossem vendidos imediatamente, logo era possível encontrar o resultado do negócio, no entanto, quando da existência de gêneros não vendidos, ele apresenta duas formas de se chegar ao resultado: o “primeiro modo consiste em avaliar os ·generos restantes, diminuir a sua importância do valor total do emprego, e comparar este resultado com o total da quantia vendida”, ou seja, encontra-se o custo do produto vendido diminuindo o valor do estoque existente do custo total de aquisição. 

Logo após, confrontam-se as receitas das vendas realizadas no período com o custo do produto vendido chegando-se ao resultado (ganhos ou perdas).

O segundo método “consiste em avaliar os generos restantes, ajuntar o seu valor á quantia vendida, e comparar este resultado com o total da quantia empregada” (CARVALHO, 1837 p.9), ou seja, neste método, o estoque final é somado ao total das receitas do período e logo após é deduzido o capital empregado, chegando-se assim ao mesmo ganho ou perda. 

Figura 6
Métodos de apuração de resultado
Fonte: Carvalho (1837 p. 10-13).
Nota: Esquematizado a partir dos dados fornecidos na obra de Carvalho (1837).

No primeiro método, estoque final é considerado como parte do capital empregado, e que ainda não foi vendido, enquanto, no segundo, estima-se o estoque final como vendido pelo preço de custo fazendo parte da receita total. 

E bem se vê, que tanto em hum como em outro só se procura a relação ·entre o emprego vendido, e o valor produzido por ele” (CARVALHO, 1837 p. 9). Ou seja, nos dois métodos, o objetivo é encontrar a relação entre custo dos produtos vendidos e a receita gerada por ela.

Na ausência de outros dados essenciais, esse procedimento é o que o autor chama de “balancear huma casa”.

É importante ressaltar que as parcelas de ganhos ou perdas apuradas devem ser evidenciadas no balanço. 

Para esse procedimento, Carvalho (1837 p. 10) sugere duas formas de transferir o resultado do período para o balanço:

Ou somando as perdas com a quantia empregado, e os ganhos com a vendida, isto conforme o segundo methodo que he o mais expedito; Ou fazendo logo a comparação entre os ganhos e perdas quando se dê o seu concurso, e levando o resultado dellas para a presença do capital, segundo qualquer dos dous methodos estahellecidos (CARVALHO, 1837 p. 10).

Como sugestão para pesquisas futuras, indica- se o estudo de outras obras de contabilidade que tiveram um papel histórico fundamental para o desenvolvimento do pensamento contábil no Brasil

Carvalho chama a atenção ao fato de que este ganho não é líquido, pois, no exemplo que o autor apresenta, não estão sendo considerados outros fatos de uma operação de negócios (e.g. despesas, perdas, e outros ganhos, etc.), que também entrarão no cálculo. 

Neste caso, poderia considerar os métodos citados anteriormente, considerando as desposas como perdas, o que aumentaria o valor da compra dos gêneros, e, por conseguinte, a sua importância deve ir para o assento das compras. 

O contrário se diz dos ganhos e por esta razão seu valor vai figurar no assento das vendas.

De acordo com Carvalho (1837 p. 47),“Balancear he não só conhecer o estado do capital de huma casa como tão bem conhecer o estado da comptabilidade dos livros dessa casa”. 

Assim, o significado do balanço é a operação pela qual se conhece o estado de um negócio, como também a operação que mostra a exatidão da escrituração dos livros desta casa.

Considerações finais

Estevão Rafael de Carvalho exerceu várias funções, com destaque para o cargo de professor da Aula de Comércio e do Liceu Maranhense. 

Foi também autor, jornalista e político no Maranhão, que chegou a ocupar o cargo que correspondente atualmente ao de deputado federal. 

A sua principal contribuição para a contabilidade nacional foi o livro “Metafísica da Contabilidade Comercial”, no qual o autor discute a Contabilidade como uma ciência, sendo essa discussão considerada incipiente para o século XIX. Além disso, Carvalho (1837) contribuiu para a divulgação do método de partidas dobradas no Brasil.

O autor revela que não possuía mais o interesse em publicar a obra, uma vez que parte do texto já estava escrito desde 1833, no entanto a continuidade da escrita foi motivada por pedidos de amigos. 

O livro é indicado ao uso dos alunos do próprio autor, assim seria utilizado em suas próprias aulas de Comércio que aconteciam no Liceu Maranhense. 

O autor reconhece algumas limitações da obra, porém afirma que essas lacunas iriam ser supridas durante suas aulas.

Destaca-se que a História da Contabilidade no Brasil do século XIX, construída por sujeitos e suas contribuições ao longo dos tempos, deva ser conhecida e discutida para que possamos compreender a sociedade através das pessoas e de suas vivências, buscando compreender as necessidades da sociedade brasileira da época, uma vez que é preciso reconsiderar o lugar da contabilidade na educação do passado para compreendê-la no presente.

Como sugestão para pesquisas futuras, indica-se o estudo de outras obras de contabilidade que tiveram um papel histórico fundamental para o desenvolvimento do pensamento contábil no Brasil.

Referências

REVISTA ABRACICON SABER – ISSN: 2357/7428
EDIÇÃO Nª 38 – NOVEMBRO/DEZEMBRO de 2021 /JANEIRO DE 2022

ALMEIDA, B. J. M. Reflexões Acerca do Conceito de Contabilidade como Arte. Journalof Accounting, Management and Governance, v. 15, n. 3, 2012.

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Este artigo foi elaborado sob a supervisão do prof. Dr Vicente Pacheco, professor titular da UFPR e membro do PPCONT – UFPR.

ISSN: 2357/7428