Entrevista com  Fabiano Pimentel
Entrevista com Fabiano Pimentel
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Entrevista com Fabiano Pimentel

Edição 41
ISSN: 2357/7428
Outubro, 2022
10 min

Presidente da Amacicon – Academia de Ciências Contábeis do Amapá

Como O Sr. começou a atuar na área contábil e quais foram os mais relevantes aprendizados que a contabilidade lhe proporcionou até hoje?
Iniciei no Curso Técnico em Contabilidade, no ano de 2000, com 18 anos de idade. Escolhi, pois a empregabilidade foi um dos requisitos e sabia que com a Contabilidade teria acesso mais rápido ao mercado de trabalho. Logo, no primeiro ano de estudos, consegui vários estágios e, a cada experiência de atuação no labor contábil, identificava-me ainda mais com o curso. Participava de palestras, cursos, seminários e das programações desenvolvidas pelo Conselho Regional. Quando concluí o curso técnico, não tive dúvidas que deveria continuar me aprimorando, dessa vez em nível de graduação. Ingressei no Bacharelado em Ciências Contábeis, em 2001. As participações nos eventos desenvolvidos pelo CRCAP e as publicações das revistas dos Conselhos Regionais que acompanhava faziam com que me apaixonasse mais ainda pela profissão. Após a graduação, prestei concurso para Contador-Fiscal do CRCAP e obtive aprovação. Em 2007, iniciei minha atuação como Fiscal do CRCAP e tive a grande satisfação em conhecer o Sistema CFC/CRCs – na época a presidente do CFC, era a ilustre Dra. Maria Clara Bugarim, e a Fiscalização era o “menina dos olhos” da presidente. Foram cinco anos de intensos aprendizados e considero que fui forjado no sistema contábil. No mesmo ano, comecei minha atividade de docente na Graduação de Ciências Contábeis e, em 2011, assumi a coordenação do curso de graduação, ficando por 6 anos à frente da gestão. Após atuar como contado-fiscal, por um período de 5 anos, decidi alçar novos voos, e prestei concurso para o Governo do Estado do Amapá, Tribunal de Justiça e Ministério Público, e obtive aprovação em todos. Encerrei o ciclo no CRCAP, e em 2012, escolhi o Tribunal de Justiça do Estado do Amapá, e fui empossado como Analista Judiciário – Especialidade Contabilidade. Entusiasmado pela vivência no Sistema CFC/CRCs, coordenei diversas campanhas de chapas que estavam concorrendo as eleições do CRCAP, desde 2008, 6 (seis) campanhas, e obtive conquista em todas. Em 2016, assumi a Presidência do CRCAP. Após 2 anos, tive a oportunidade de tomar posse como Conselheiro no CFC e ser reconduzido em 2022. Em 2017, mobilizei alguns veteranos da Contabilidade para fundar a Academia Amapaense de Ciências Contábeis – Amacicon, e em 2019, junto com alguns peritos atuantes no Estado, fundamos a Associação dos Peritos Contadores do Amapá – Aspecon. Não há nada melhor do que fazer o que gostamos. Em muitos momentos, estamos tão envolvidos que nem percebemos o tempo passar; não é trabalho, é lazer, satisfação, envolvimento integral. Grato à Contabilidade por tudo que vivenciei, como as relações que construí e as pessoas que conheci em todos os estados da Federação. Aprendi que o débito e o crédito são, na verdade, causa e consequência, ação e reação, ambivalência, a força dual que também move o mundo; esse aprendizado levei para vida.

 

Em suas palavras, como é atuar como presidente da Amacicon – Academia de Ciências Contábeis do Amapá – e quais são as principais ações e objetivos do seu mandato?
Em 2017, tive a grata satisfação de ser conduzido, aos 35 anos, como primeiro presidente eleito por unanimidade, entre 17 (dezessete) imortais, confrades, com previsão de 33 (trinta e três) cadeiras, para conduzir a Amacicon. A honra de conduzir uma entidade que, entre seus objetivos, tem a missão de “Cultuar a memória de todos aqueles que contribuíram para o aprimoramento da Ciência Contábil”, é imensurável. Resgatar a história de quem contribuiu para a consolidação da profissão e homenagear em vida a trajetória de quem está atuando com altivez é muito gratificante.

Estamos atuando em parceria direta com o Conselho Regional, desde 2017. Os maiores eventos da Contabilidade do estado têm a marca e a presença da Amacicon. Estamos também em sintonia com as ações da Abracicon.

Outro ponto a ser destacado em nossa atuação é quanto a “Desenvolver, fomentar, realizar ou participar de eventos, cursos e treinamentos”. O fomento pela participação dos profissionais nos eventos da classe é uma constante. A título de exemplo, a Amacicon está diretamente envolvida na realização do “Encontro Dos Profissionais da Contabilidade, Empresários e Acadêmicos”, que reúne, em média, mais de 500 pessoas no mês de abril, na oportunidade da passagem do Dia do Profissional da Contabilidade.

A Amacicon realizou no estado, em parceria com o CRCAP, Abracicon e CFC, em maio de 2022, o “Dia D da Educação Contábil”, com palestras e debates sobre a matriz curricular dos cursos de Ciências Contábeis e as alterações propostas pela Resolução CNE/CES n.º 10, de 16 de dezembro de 2004. A adesão dos docentes e coordenadores de curso foram significativas, demonstrando que os profissionais atendem aos chamados institucionais.
Nossa próxima missão é conduzir no Estado, o projeto da Abracicon – Concurso Nacional de Monografia de Graduação em Ciências Contábeis, com a primeira edição prevista para 2023. Já estamos alinhando com os coordenadores de curso e CRCJovem, para mobilização rumo à participação e representação nacional.
O grande objetivo é sempre estar alinhado com as ações das instituições contábeis, entre elas, CRCAP, Abracicon, faculdades, CFC e demais entidades, propondo novas ações e projetos e executando em parceira com as que estão sendo desenvolvidas.
Já estamos nos trâmites burocráticos para passar o bastão da Presidência, finalizando um ciclo e oxigenando ainda mais a condução dessa egrégia entidade.

 

A sociedade vem aprendendo a valorizar, cada vez mais, a contabilidade principalmente após (e durante) a pandemia, como fica o cenário da profissão contábil na sua opinião?
Lembro que durante a atuação profissional como Contador-Fiscal no CRCAP, durante uma diligência de fiscalização em um escritório, conversando com um decano da Contabilidade, perguntei como estava a valorização do profissional, e em resposta ele comentou que “a valorização deve começar pelo próprio profissional”. Outro fato que lembro é que certa vez, entrando no Fórum do Município de Macapá, deparei-me com um cartaz que continha o seguinte título: “Campanha de valorização dos magistrados”. Portanto, em todos as épocas e trajetória da sociedade, a busca pela valorização é uma constante. É oportuno destacar que a postura profissional, a ética, a busca constante pelo aprimoramento são fatores de valorização e são propulsores do reconhecimento. Em período de crise é que temos oportunidade de nos reinventar.
O impacto financeiro causado pela quarentena e pela situação de lockdown, gerou enfermidades a muitos CNPJs. Os prognósticos, diagnósticos e tratamento patrimoniais e financeiros foram também prescritos pelos profissionais da contabilidade, evitando a falência de muitos empreendimentos. Dessa forma a Covid-19 tornou ainda mais evidente a essencialidade do profissional da contabilidade.
A pandemia gerou, entre diversas consequências, impacto social, financeiro, econômico e patrimonial, acabou sendo refletido, em alguma extensão, nos demonstrativos contábeis e financeiros das entidades públicas e privadas. Nesse cenário, podemos assinalar a grande importância dos profissionais de contabilidade através do controle das operações e do fornecimento de informações contábeis relevantes.
O perigo que a pandemia representou às pequenas e medias empresas demandou dos profissionais da contabilidade, monitoramento e readequando dos custos e despesas, no gerenciamento à adesão aos benefício emergencial de preservação do emprego e da renda instituído pelo Governo federal. O atendimento das obrigações acessórias fiscais e trabalhistas demandaram tempo e readequação da forma de atendimento aos clientes; alguns já estavam preparados em suas estruturas para o atendimento remoto, home office. Outros, de forma compulsória, tiveram que se reinventar.
Os efeitos da pandemia ainda ressoam em muitas empresas. O contador possui as ferramentas necessárias para guiar o gestor em direção a recuperação e crescimento do empreendimento, detalhando informações que contribuem para a saúde financeira do negócio. O ambiente virtual contábil tornou-se imperioso, sendo um dos legados, antecipados, ao segmento contábil.

 

Na sua visão como docente na área contábil, como está o desenvolvimento profissional dos contabilistas do Amapá, e do Brasil?
Hoje no Estado do Amapá, somos 1.697 profissionais da contabilidade, segundo dados acessados em outubro do site do CFC, e a população do Amapá é de 877.613 habitantes, conforme dados do IBGE de 2021. Noto que a empregabilidade da Contabilidade começa desde a graduação. Em algum momento da vida das entidades públicas e privadas, a presença do profissional da contabilidade é ou será compulsória. Portanto, é incontroverso a essencialidade deste profissional. E no Amapá não é diferente. Dificilmente encontramos alguém da área contábil sem a devida ocupação. No Amapá, a Contabilidade é sinônimo de oportunidade e prosperidade.
Somando-se a essa empregabilidade, a era digital alavancou os empreendimentos contábeis; o fácil acesso e transmissão de dados financeiros e a inteligência artificial tornam o profissional da contabilidade mais produtivo, ao mesmo tempo que reduz custo e tempo de execução nas tarefas. A contabilidade se tornou um instrumento essencial a gestão.
Acredito que o desenvolvimento contábil passa também pela comunicação institucional, a qual sempre é um desafio; temos que avançar muito, pois a classe contábil (boa parte) não sabe das ações desenvolvidas pelo sistema, sua pujança, seu reconhecimento pelas outras instituições, seu estágio de desenvolvimento. Atuando, desde 2007, no sistema, vejo o quanto avançamos, em destaque, nas relações políticas institucionais, que são fundamentais para a valorização nacional e internacional da Contabilidade Brasileira.
Vejo que o Conselho Federal de Contabilidade, como instituição representativa da profissão, ascende a cada ano, no cenário nacional e internacional, os degraus merecidos. A exemplo, representantes em diversos órgãos e em entidades internacionais. O diálogo contábil com os ministérios, secretárias, entidades governamentais e não governamentais vem garantindo uma ascensão e visibilidade salutar, há muito tempo esperada. Percebo que toda a engenharia pretérita realizada e arquitetura atual engendrada garantem os frutos que já estamos colhendo quanto ao reconhecimento e valorização e devido campo de atuação. Mas como somos seres desejantes, e não haverá nenhum objeto ou ações que possam garantir a satisfação plena, é nosso dever a busca constante pelo desenvolvimento contábil.

Tendo atuado como coordenador do curso preparatório para provas e concursos na área contábil e exame de suficiência desde 2011, como você vê o engajamento dos novos profissionais da área da contabilidade?
Com imensa alegria, vejo que, nos últimos concursos públicos ofertados na área contábil no Estado, foram aprovados e empossados um quantitativo significativo de profissionais da contabilidade que vivem no Estado, apesar da grande concorrência de outros locais. Isso demonstra o engajamento na preparação, pois a concorrência é grande. Portanto, colaborei e presenciei, não só a aprovação no Exame de Suficiência, mas também em concursos públicos. Por outro lado, no segmento privado, conheço diversos amigos e colegas profissionais que não só atuam de forma local, mas estão prestando serviços, até mesmo, atuando através de filiais em outros estados da Federação. Seja no segmento público ou privado, os profissionais do Amapá estão dando a sua contribuição para o alavancamento das empresas e das entidades em nível estadual e nacional.